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Faculdade em SP vai formar especialistas em flora medicinal
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Cerca de 50 alunos fazem hoje o
exame vestibular para a primeira
faculdade de biologia com especialização em plantas medicinais. Para um país que tem uma das mais
importantes floras medicinais do
mundo, a iniciativa chega com
bastante atraso.
"Será mais um esforço para proteger o que é nosso", diz a bióloga
Célia Senna, coordenadora do curso de ciências biológicas.
A escola está sendo apresentada
como a primeira faculdade a formar biólogos especializados na
pesquisa genética de plantas medicinais. Trata-se da Faculdade de
Ciências da Saúde de São Paulo,
Facis, ligada ao Instituto Brasileiro
de Estudos Homeopáticos. Depois
de quatro anos na fila, seu funcionamento foi autorizado pelo MEC
em agosto do ano passado.
Grande parte dos medicamentos
alopatas são feitos a partir de princípios ativos de plantas ou sintetizados a partir deles. Segundo os
professores da nova escola, existem cerca de 600 plantas comercializadas hoje para uso fitoterápico.
Fitoterapia é o tratamento de
doenças por meio de plantas.
Os futuros biólogos "vão estar
preparados para melhorar a capacidade fitoterápica das plantas, do
plantio ao cultivo", diz a diretora
Maria de Lourdes Gomes Brunini.
Entre os candidatos estão profissionais de saúde e pessoas que já lidavam com plantas medicinais. O
curso tem 40 vagas e duração de
quatro anos.
Várias universidades em todo o
país já têm há anos disciplinas e
cursos de especialização voltados
para plantas medicinais. O avanço
nas pesquisas, no entanto, não impediu que grupos estrangeiros patenteassem o princípio ativo de
plantas brasileiras ou que só se desenvolvem aqui. Por exemplo, as
propriedades ativas da espinheira-santa e do ipê-roxo, utilizadas no
combate a alguns tipos de câncer,
já pertencem ao Japão.
Parte das plantas utilizadas na fitoterapia européia são originárias
das matas brasileiras.
Em outra frente, o serviço público de saúde vem procurando incentivar o uso da fitoterapia como
forma eficiente e barata de tratamento. Em Goiânia, o Hospital de
Medicina Alternativa, mantido pelo SUS, cultiva e prepara as plantas
medicinais que já receitou aos cerca de 100 mil pacientes atendidos
nos últimos 12 anos.
Na semana passada, o Laboratório Flora Medicinal, considerado o
primeiro laboratório fitoterápico
do país, editou o livro "Memento
Terapêutico". A publicação é endereçada aos médicos e trata da fitoquímica, farmacologia e controle de qualidade em drogas vegetais.
Os especialistas também estão
preocupados com a preservação
das plantas medicinais no país.
"Estão destruindo indiscriminadamente nossas ervas daninhas, e
muitas delas são medicinais", diz
Tsugui Tomioka Nilsson, bióloga
especializada no cultivo de plantas
medicinais.
Faculdade de Ciências da Saúde, tel. (011) 5084-3141; Memento Terapêutico, tel. 0800-240282
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