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ACIDENTE
Amiga, que desistiu de fazer passeio de barco porque não tinha maiô, contou à família sobre morte de pedagoga
Parentes souberam de naufrágio pela TV
DO "AGORA"
DA FOLHA VALE
"Vimos [o acidente] pela TV,
mas não acreditávamos que ela
estivesse em um passeio desses."
Foi assim que o médico Pedro
Awada, 39, resumiu o clima de
consternação que marcou o enterro da pedagoga Célia Ludovici,
49, uma das 12 vítimas do naufrágio em Cabo Frio.
Segundo Awada, cunhado da
vítima, a pedagoga havia viajado
ao Rio de Janeiro com a amiga
Maria Cristina Bonuci, 48, na noite de quinta. "Ficamos sabendo
da morte [de Célia] por volta das
20h de ontem [anteontem], por
meio da amiga, que ligou após ter
reconhecido o corpo."
Sua cunhada não sabia nadar,
disse o médico. Já a amiga desistiu
de fazer o passeio de barco- que
passava pelo canal do Itajuru e ia
até a ilha do Papagaio- porque
não tinha maiô. A pedagoga era
solteira e não tinha filhos.
"A família está chocada. Nunca
imaginávamos passar por uma
catástrofe dessas", lamentou o
médico. O corpo dela foi enterrado por volta das 17h de ontem, no
cemitério Vila Assunção, em Santo André, no ABC paulista.
Quase que simultaneamente à
cerimônia em que Célia Ludovici
foi sepultada em Santo André, o
corpo da recreadora Juliana Franjoso, 19, era enterrado no cemitério da Lapa, bairro da zona oeste
da capital paulista.
Os pais de Franjoso, que também estavam na embarcação e sofreram ferimentos leves, foram ao
velório da filha, que cursava o primeiro ano de pedagogia. De acordo com um colega de Franjoso
que não quis se identificar, a estudante sabia nadar. Uma tia afirmou que ela bateu a cabeça no
barco quando a onda o virou.
Juliana Franjoso trabalhava havia seis meses em um hipermercado na Freguesia do Ó (zona
norte) e ganhava R$ 400 como recreadora de crianças.
"Muito rápido"
Depois do enterro da mãe, Maria Eugênia Grand Champ, 56, no
cemitério municipal de Taubaté
(SP), Régis Eduardo, 25, um dos
sobreviventes do acidente com o
Tona Galea, afirmou aos jornalistas que "foi tudo muito rápido".
"Só me lembro que estava sentado ao lado da minha mãe quando o barco virou. Na hora, consegui ficar em pé e me agarrar ao
barco. Quando olhei para o lado,
não vi mais minha mãe", disse.
Segundo ele, logo depois o barco afundou e ele conseguiu pegar
um colete salva-vidas que apareceu boiando. "Não demorou até
aparecer uma lancha que me levou para a praia. Após uns minutos, chegou outro barco com duas
pessoas e dois corpos, com os rostos cobertos. Reconheci que um
dos corpos era o de minha mãe só
pelas roupas. Foi horrível."
Segundo o analista de sistemas
da Embraer, a viagem era um sonho de sua mãe. "Ela era viúva e
sempre falou em conhecer o Rio
de Janeiro. Como sou filho único,
fui com ela. Pagamos R$ 17, cada
um, pelo passeio de barco, que
não estava incluído no pacote. Foi
o preço da vida da minha mãe."
Ele disse que recebeu toda a
atenção da agência que organizou
a viagem, a CVC Turismo. "Como
perdi toda a minha bagagem no
mar, foi complicado até a liberação do corpo, porque estava sem
documento algum. Mas a agência
se encarregou e resolveu tudo."
A família de Helena Campelo de
Souza, de São José dos Campos
(SP), não quis comentar o ocorrido. Uma sobrinha da vítima, Tânia Campelo, disse apenas que a
tia tinha viajado, a passeio, com
uma irmã e o cunhado. A irmã sobreviveu, mas o cunhado, Alexandre Boueres, está desaparecido.
"Ainda não paramos para pensar em nada. Só estamos aguardando a chegada do corpo", disse.
A previsão era que o velório começasse às 22h de ontem. Souza
era casada e tinha duas filhas.
Outras duas vítimas eram de
São Paulo: Rita Leão Costa, 55, e
Maria Casseti, 62. Outras cinco
eram mineiras: Magda Dutra, 38,
a filha Joyce Dutra, 5, Marilande
de Souza, 26, Joanita Duarte, 44, e
Raimunda da Silva, 43. Maria da
Conceição Vieira, 58, era do Rio.
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