São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Viagem é até 60% mais demorada no pico

Mesmo sem acidentes ou imprevistos, percurso de 13 km entre as estações Carrão e Consolação do metrô leva até 46min

Reportagem fez o percurso 4 dias seguidos em 4 horários diferentes; em outro trecho, trajeto leva 1min30s à tarde e até 3min durante o pico

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma viagem de metrô em São Paulo não precisa de acidentes nem de imprevistos para ser 60% mais demorada do que deveria -e incalculavelmente mais sofrida.
Essa discrepância de tempo foi a maior verificada durante a semana pela Folha no trajeto entre as estações Carrão (zona leste) e Consolação (região central), percorrido durante quatro dias, em quatro horários diferentes, sendo dois de pico e dois intermediários.
Na média, a diferença foi de 30%, com as composições levando de 30 a 40 minutos para percorrer o trajeto de 13 quilômetros, conforme o horário.
A viagem mais demorada foi do Carrão à Consolação, com 46min15s, começando às 7h da terça-feira. Com 27min49s, no mesmo sentido, a viagem mais rápida ocorreu a partir das 15h de quinta. Em nenhuma das viagens na hora do rush a reportagem da Folha conseguiu lugar nos assentos.
Em um veículo que corre em pista exclusiva e sem cruzamentos, a variação é determinada principalmente pelo engarrafamento de pessoas que se forma nas estações de transferência, onde penam para embarcar em trens já lotados. Em média, são quatro ou cinco composições para conseguir entrar e partir do Carrão -às 7h, na ida- e da Sé -na volta, iniciada às 18h na Consolação.
No Carrão, 11 linhas de ônibus descarregam passageiros em dois terminais ao lado da estação e é preciso se amontoar para entrar em composições que já vêm lotadas de Itaquera.
Em toda a linha vermelha, a dificuldade para embarcar causa um efeito dominó que atrasa a viagem. Como muitos ficam com parte do corpo para fora, as portas não fecham e o trem não parte. O que vem atrás precisa reduzir a velocidade -ou até parar- para esperar.
O trecho entre Carrão e Tatuapé, feito em um minuto e meio às 15h, chega a demorar mais de três minutos às 7h.
Antes de mudar de linha, a estação do empurra-empurra é o Brás, onde embarcam passageiros vindos dos trens da CPTM. Quem fica próximo à porta se arrisca a ser jogado para fora da composição.
A situação é piorada pela falta de barras de apoio na parte central dos corredores e junto às portas, problema específico da linha vermelha. Quem não consegue lugar junto aos bancos fica sem ter onde segurar e tenta se equilibrar, precariamente, forçando o teto.

Quente e abafada
A linha verde costuma ser a mais vazia. Cheia ou deserta, porém, é sempre quente e abafada. Enquanto a linha vermelha corre sobre a superfície no percurso para a zona leste, na linha azul o ar-condicionado é reforçado, nas estações, com aparelhos nas paredes laterais e, dentro das composições, no teto, junto às portas.
Já na linha verde, fechada sob a avenida Paulista, não há o mesmo reforço nas estações e, nos trens, ele é muito raro.
Na volta, à tarde, a mudança para a linha vermelha é mais complicada, pois, à direita do corredor de baldeação, há outra entrada para a plataforma.
Resta tentar um embarque mais breve pela esquerda, mas também é difícil.
Quem quase consegue embarcar, mas pára bem na porta, fica à frente da faixa amarela de segurança. Com a fila formada, é impossível retroceder. Resta ficar imóvel para não correr o risco de ser atingido pelo trem e torcer para que ninguém atrás resolva forçar passagem: o menor empurrão pode jogar o passageiro nos trilhos.
Apesar da lotação, o resto da viagem pelo menos é mais rápido, pois o movimento é quase todo de desembarque.
(JOÃO PEQUENO)


Texto Anterior: Baldeações e lotação atrasam a viagem dos passageiros
Próximo Texto: Em site, pacientes trocam informação sobre doenças
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.