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Athiê se defende e insinua ameaça
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusada de cobrar R$ 200 mil
para beneficiar os donos de uma
viação de ônibus, a vereadora
Myryam Athiê (PPS) afirmou ontem que podem surgir "a qualquer momento" novas denúncias
contra outros integrantes da Câmara Municipal de São Paulo.
Apesar de negar que estivesse
fazendo ameaças, ela disse que
ninguém está livre de "acusações
levianas" e que poderá apontar o
"verdadeiro culpado pelo caos".
Quase no final do discurso de
Athiê, o vereador Roberto Tripoli
(PSDB) perguntou se ela estava
fazendo ameaças. O tucano lembrou o caso do ex-vereador José
Izar (então no PST), que disse no
dia da votação de sua cassação,
em 1999, ter "35 amigos na mão".
Após o discurso, que vereadores
viram como uma ameaça, Izar escapou por dois votos -foram 35
a favor da perda de mandato, mas
eram necessários 37.
"Não tenho nem um, nem dez,
nem 20, nem 55 vereadores na
mão. Creio que tenho nesta Casa
amigos, mas nem por isso vou pedir clemência", respondeu Athiê.
A vereadora é acusada de ter recebido para interceder pela liberação da viação Cidade Tiradentes, que estava sob intervenção e
hoje não funciona mais.
Em sua fala, Athiê tentou desclassificar o acusador, Marco José
Cândido da Silva, que intermediou uma mudança de donos da
viação e está na cadeia: "Que país
é este em que a palavra de um estelionatário preso tem mais valor
que a de uma vereadora?", disse.
Outros vereadores
Ontem, voltou à tona outra acusação envolvendo a Câmara. Em
depoimento ao Ministério Público em fevereiro, o assessor de um
deputado estadual do PL disse ter
ouvido do vereador Edivaldo Estima (PPS) que venceria a eleição
para a presidência da Câmara,
realizada no final de 2002, "quem
tivesse a mala mais pesada".
Na época, vereadores que
apoiavam Antonio Carlos Rodrigues (PL) mudaram de candidato
a apenas três dias da eleição, vencida por Arselino Tatto (PT).
A informação ressurgiu porque,
ao depor na semana passada, o intermediador preso afirmou que
teriam sido dados R$ 600 mil para
a eleição de Tatto. O petista nega.
(PEDRO DIAS LEITE)
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