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ADMINISTRAÇÃO
Criação de coordenadorias vinculadas a subprefeituras abre espaço para indicações políticas de vereadores
Em SP, saúde tem 4ª mudança em 2 anos
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro houve a criação de 41
distritos sanitários. Em seguida,
ainda em 2001, o desmonte do
PAS (Plano de Atendimento à
Saúde). No ano passado, os 41 distritos foram reagrupados em 39,
por causa da criação das subprefeituras paulistanas.
Neste ano começam a ser implantadas as 31 coordenadorias
de saúde, o que força a quarta
reorganização do setor em dois
anos da administração da prefeita
Marta Suplicy (PT).
A nova mudança gerencial abre
mais uma crise, caracterizada pela
indefinição das funções de diretores de distritos e coordenadores e
pelo debate sobre os vínculos políticos desses últimos.
Como diz o secretário da Saúde,
Gonzalo Vecina, o maior risco é a
secretaria perder o controle sobre
as coordenadorias, que ficarão
subordinadas às subprefeituras.
São elas que comandarão os cerca
de 400 postos de saúde da capital.
Na prática, para o cidadão, a falta de controle poderá afetar o
atendimento nas unidades básicas de saúde.
Indicações
Diferentemente do que previa a
proposta original da Secretaria da
Saúde, feita no ano passado, em
sete das 22 coordenadorias já ocupadas quem assumiu os cargos
não foram os ex-diretores dos distritos, mas profissionais apoiados
por vereadores e outros políticos.
Em outras 15 subprefeituras, a
proposta original da secretaria foi
respeitada, mas, na maior parte
dos casos, só depois do aval de
grupos políticos regionais. Nove
coordenadorias estão vagas. No
Ipiranga (zona sul), uma das regiões mais cobiçadas, especialmente por vereadores do PMDB,
ainda não há coordenador, mas a
antiga diretora de distrito, Sônia
Trassi, já foi removida.
O ex-secretário da Saúde Eduardo Jorge, que recusava a partidarização das coordenadorias, disse
que a prefeita forçava o loteamento político dos órgãos ao deixar o
governo, após ser demitido.
Já no ano passado a possibilidade de a Secretaria da Saúde colocar diretores de distritos nas coordenadorias desagradava vereadores da base de apoio da prefeita.
No início de abril deste ano, o
Conselho Municipal de Saúde recomendou que, "em benefício da
boa alocação dos recursos públicos", fosse aproveitada a atual estrutura dos distritos de saúde.
"Não vejo porque a subprefeitura deveria nomear um novo coordenador se já existia um sistema
municipal de saúde. Não vejo justificativa técnica. Só enxergo uma,
a da reprodução política do mandato do vereador", afirma Paulo
Mangeon Elias, representante das
universidades no conselho. "O
que o munícipe ganha com isso?
Como se operacionaliza a política
de saúde? A subprefeitura só cria
mais ruído."
Para Wagner Moraes, representante do movimento de saúde do
Campo Limpo (zona sul), a questão principal não é a partidarização, mas a qualidade técnica de alguns coordenadores.
Parte dos coordenadores são favoráveis à posição do conselho.
"Quando há mudança, pode haver descontinuidade", afirma Alexandre Nemes Filho, ex-diretor
de saúde que assumiu a coordenadoria do Butantã.
Integrantes do conselho e vereadores do PSDB levantaram dúvidas sobre a legalidade das coordenadorias.
"A Lei Orgânica da Saúde (Lei
8.080/90) fala em comando único
no mesmo local", diz o vereador
Gilberto Natalini (PSDB). Para
ele, o coordenador deveria responder ao secretário da Saúde, e
não ao das Subprefeituras.
Indefinição
"Não temos uma situação definida em todas as regiões", relata
Floriano Nuno de Barros Filho,
ex-diretor do distrito de Itaquera
que assumiu a coordenadoria de
Saúde de Itaquera (zona leste) e
ainda divide tarefas com a diretoria do distrito de saúde de Cidade
Líder, cujo futuro está indefinido.
"A agenda da administração é da
construção de parcerias com vereadores. É uma agenda que não
existia. O quadro é outro".
Parte dos "novatos" nos cargos
de mando convive com diretores
de distritos de saúde -que têm
atribuições semelhantes às dos
coordenadores e permanecem
sem futuro definido. Em algumas
subprefeituras, a diretoria de distrito foi trocada, ou está vaga.
Histórico
As coordenadorias foram criadas no ano passado, dentro da estrutura das 31 subprefeituras, formatadas para garantir a descentralização do governo. Contam
com coordenadores para áreas-chave do governo, como saúde,
educação e assistência social.
Os diretores de distritos assumiram em 2001 para serem "secretários da saúde" regionais. A intenção do ex-secretário Eduardo Jorge era que todos se tornassem
coordenadores. Apenas em distritos maiores, como Itaquera, seria
mantido um diretor de distrito
em parceria com o coordenador.
Apesar de terem poder de mando, os diretores de distrito nunca
alcançaram a autonomia financeira e administrativa esperada.
Inicialmente, os coordenadores
também não terão essa independência, pois o orçamento da saúde ainda não será repassado às
subprefeituras, nem o controle
dos funcionários.
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