DA REPORTAGEM LOCAL

O coordenador de saúde da subprefeitura da Penha (zona leste), Sol Trubilhano, ex-médico do sindicato dos metalúrgicos, ascendeu ao cargo na administração municipal por sugestão do vereador Toninho Campanha (PSB). "Ele é meu amigo há 23 anos. É um cara responsável perante à saúde", diz Campanha ao explicar o processo de indicação. "Mas eu não indiquei profissional para me reeleger", complementa.
Campanha relata ter sido procurado no ano passado por um representante do governo para apresentar um nome em troca do apoio à administração. "Governo não governa sozinho. Tem de ter parceria", disse o vereador. Campanha afirma conversar "todos os dias" com Trubilhano. "Pergunto como está indo." Nega ter feito qualquer pedido.
Uma assessora de Campanha procurou a reportagem após a entrevista do vereador para dizer que Trubilhano foi indicado com base em "estudos de geoprocessamento" da região. Não explicou qual seria a relação desse tipo estudo com a escolha do médico. Procurado, Trubilhano não ligou de volta para a reportagem.
A Secretaria da Saúde, após sucessivas solicitações, não forneceu o currículo completo dos novos coordenadores.
A legislação que criou as subprefeituras paulistanas determina que todos os cargos de coordenação de saúde têm de ser preenchidos por profissionais da área.
Em razão dessa exigência, a que a prefeita Marta Suplicy (PT) resistiu, os cargos de confiança (preenchidos sem concurso) são hoje ocupados por médicos, dentistas e enfermeiras com especialização em saúde pública, como Débora do Carmo, que por indicação da deputada estadual Ana Martins (PC do B), ex-vereadora, assumiu a coordenadoria de Ermelino Matarazzo (zona leste).
"Não costumamos trabalhar com critérios pessoais e partidários na administração", disse Carmo em defesa da sua legenda.
O movimento de saúde da zona leste preferia que tivesse assumido o cargo a diretora do distrito de saúde da região, Sandra Tavares. Carmo disse que sua intenção é transformar Tavares em supervisora, quando o cargo for criado.
Na Subprefeitura do Campo Limpo, controlada pelo PL, assumiu José Antônio Chubaci, médico da prefeitura e da Associação Atlética do Banco do Brasil. As duas diretorias de distritos de saúde da região permanecem. Em reunião com o secretário da Saúde, Gonzalo Vecina, o movimento de saúde da região também reclamou da nomeação.
Alexandre Nemes Filho, antigo diretor de distrito que assumiu a coordenadoria do Butantã, afirma que isso ocorreu "porque não houve disputa política". "E, se há, não sofri resistência."
A vereadora Claudete Alves (PT) indicou Francisco Alberto Melo, antigo militante da saúde, para a coordenadoria de Cidade Tiradentes, fato que deflagrou a crise entre a prefeita e o ex-secretário da Saúde Eduardo Jorge -que queria que a diretora do distrito fosse a coordenadora. "Quem desempenha a função é ele. Tenho claro meu papel de vereadora. Não tenho nenhuma subprefeitura. Quem me dera, mas não tenho", diz Alves.


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