|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA URBANA/VÍTIMA DO PCC
Wilson de Jesus Santos, que chegou a receber um prêmio por bravura, já fora alvo de um ataque havia 2 anos
Policial não sobrevive ao segundo atentado
DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"
Em 2004, dentro de um bar
em Parelheiros, na zona sul da
capital, o cabo da Polícia Militar Wilson de Jesus Santos, conhecido na comunidade como
"Salgadinho", devido à semelhança com o pagodeiro homônimo, estava no banheiro. Era o
seu dia de folga.
Mesmo sem farda, Santos,
duas décadas de corporação,
acabou reconhecido como policial por três assaltantes que estavam no local. Foi alvejado por
dois disparos, mas ainda conseguiu acertar um dos bandidos,
que morreu. O policial ficou internado por quase um mês, escapou da morte e recebeu o
Prêmio Takaoka de melhor policial do ano da zona sul por
"ato de bravura", em votação
feita por mais de 2.000 PMs.
No último dia 13, Santos vestia farda enquanto atendia a
uma suposta ocorrência e não
escapou de uma nova investida
criminosa. Foi o oitavo dos 23
PMs mortos nos atentados atribuídos ao PCC.
Na emboscada na avenida
Engenheiro Marsilac, o cabo de
37 anos foi metralhado por oito
homens que saíram de um matagal encapuzados. Kátia Justino, 29, a PM que acompanhava
o cabo, e uma menina de 12
anos que estava na calçada,
também foram atingidas -a
policial, após passar por cirurgia na quarta-feira, segue internada em observação; a criança
passa bem.
Entre amigos, familiares e
conhecidos, Santos é descrito,
em tom unânime, como um
"apaixonado pela PM", um homem que estava sempre sorrindo. "O mundo podia estar acabando que o "Negão" estava
bem-humorado. Era disparado
o melhor PM de toda a zona sul,
só não gostavam dele os bandidos", relatou Irivaldo Alves, 45,
escrivão do DP de Parelheiros e
amigo de Santos desde 1988.
No Jardim São Bernardo (zona sul), onde morava, os vizinhos falam emocionados sobre
o cabo. "Era daquelas pessoas
que se você batesse na casa dele
às 3h, pedindo para levar alguém ao hospital, ele colocava
todo mundo no seu carro", relatou um vizinho.
Na base da 2ª Companhia da
PM onde Santos trabalhava, o
mural das equipes já não tem
mais a sua foto. "Está muito dolorido, o cabo Wilson era uma
pessoa querida, talvez um dos
poucos profissionais que ninguém tem um argumento contrário à conduta", afirmou o
sargento João Assis Dias, 46.
Criado na periferia da zona
sul, Santos foi a referência para
os outros dois irmãos, que também viraram policiais. "O
maior orgulho do meu pai [os
filhos policiais] virou preocupação e drama para toda a família", contou um dos irmãos, que
pediu sigilo de identidade.
Além de ser considerado o
melhor policial da zona sul em
2004, Santos, no mesmo ano,
recebeu a medalha PM Zito de
1º grau, uma das principais condecorações da corporação concedida a policiais que se destacam na comunidade dos bairros onde atuam -apenas 200
PMs entre 170 mil de todo o Estado têm o mérito com o grau
mais alto da condecoração.
Separado, o policial militar
era pai de uma filha de 11 anos e
esperava a aposentadoria, segundo o irmão, para voltar à sua
terra natal.
Texto Anterior: Para secretaria, mortes foram em confronto Próximo Texto: Sistema prisional: Preso é morto ao tentar fuga no interior de SP Índice
|