São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

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Agente penitenciário morre seis dias após ser baleado em ataque

Juvenal Della Colleta morreu na última sexta-feira em São José do Rio Preto

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA

O agente penitenciário Juvenal Della Colleta Júnior, 54, morreu na tarde de sexta-feira em São José do Rio Preto (440 km de São Paulo), seis dias depois de ter sido baleado durante a onda de ataques do PCC. Com ele, sobe para nove o número de agentes penitenciários mortos por conta da ação.
Colleta, que deixou três filhos e um neto, foi baleado na altura do abdômen na noite de sábado (13), na portaria do Instituto Penal Agrícola, presídio de sistema semi-aberto.
Ele, que iria se aposentar no ano que vem, já havia terminado o seu turno e passou pela portaria para avisar os colegas sobre um jantar que ocorreria no instituto e que havia sido cancelado. Nesse momento, um veículo parou em frente da portaria e dois homens metralharam a guarita. Um dos tiros atingiu o agente penitenciário.
Colleta foi encaminhado ao Hospital de Base (Fundação Faculdade Regional de Medicina), onde passou por cirurgia. Ele teve o fígado e o pulmão perfurados. Durante a operação, por conta da gravidade do ferimento, perdeu um rim e o baço. A bala foi retirada e o agente estava na UTI.
Por volta das 18h40 de sexta, porém, ele teve uma parada cardíaca e morreu. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, Colleta não respirava com ajuda de aparelhos.
Luis (ele não quis dar o nome completo), agente penitenciário e companheiro de trabalho de Colleta, estava abalado com a notícia da morte do amigo. "Nós nos conhecíamos há pelo menos 20 anos. Ele era amigão meu de pescaria. Adorávamos sair para pescar. Não sei nem o que dizer porque estou com vontade de chorar. É muito difícil isso", disse Luis.

Gente muito boa
Vizinhos do agente penitenciário morto dizem que ele era uma pessoa simples, que gostava de conversar. "Era gente muito boa, conversava com todo o mundo, principalmente sobre pescaria", descreve o aposentado Jefferson Geraldo Diniz, 71, vizinho de Colleta.
Segundo Diniz, o agente tinha um rancho na divisa do Estado com Minas. "Ele sempre convidava os amigos para pescar lá." Diniz lembra outro hábito do vizinho: "Passear com o neto pelo bairro".
Maria Geny Diniz, 71, mulher do aposentado, diz que a viúva de Colleta -Maria José- faz bolos e salgadinhos para festas para ajudar no orçamento da casa. "Estamos muito tristes."
O corpo de Colleta foi velado em São José do Rio Preto. O enterro seria em Neves Paulista, cidade vizinha. (FERNANDA BASSETTE, MARCELO GUTIERRES E HENRIQUE FERNANDES)

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