São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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Deficientes físicos não conhecem portaria

DA REPORTAGEM LOCAL

Muitas das pessoas que necessitam de uma prótese ou de uma órtese desconhecem a portaria do Ministério da Saúde e ainda perambulam pelos serviços de assistência social à procura de ajuda.
Valdete dos Santos Reis, 52, de Salvador (BA), tentava conseguir ontem um par de muletas no Instituto Baiano de Reabilitação. Ele é portador de artrose, doença degenerativa das articulações, e há três meses quebrou a perna direita. Desde então, sem força nos membros inferiores, precisa de muletas para se locomover.
Sem dinheiro para comprá-las, conseguiu um par delas emprestado do vizinho, mas terá de devolvê-lo até o final da semana. Reis afirma que não tem R$ 70 para a compra das duas muletas.
Desempregado há um ano, ele afirma ter percorrido vários serviços de assistência social na capital baiana, mas ainda não conseguiu as muletas gratuitamente.
Assim como ele, cerca de 400 pessoas aguardam na fila de espera do Instituto Baiano de Reabilitação por uma prótese ou órtese.
O aposentado Esmeraldo Dias da Silva, 71, de Ribeirão Preto (SP), precisou raspar a poupança e pedir ajuda à família para comprar uma prótese. No ano passado, ele teve um sarcoma (tumor maligno) na perna esquerda e foi preciso amputar parte dela.
Na época, o serviço social da Santa Casa de Ribeirão o alertou das dificuldades para conseguir a prótese pelo SUS, e ele resolveu pedir ajuda a um vereador. "Ele me enrolou durante seis meses e não cumpriu a promessa", afirma. Há dois meses, com a ajuda da família, ele reuniu R$ 4.648 para a compra da prótese.
O segurança aposentado Eguinaldo Pereira de Oliveira, 31, é um dos poucos já beneficiados pelo programa. Vítima de um disparo acidental de arma de fogo há dois anos, ele sofreu uma lesão na medula óssea, perdendo os movimentos das pernas. Ao sair do hospital, 22 dias depois, passou a usar uma cadeira de rodas, enquanto aguardava uma órtese.
Há 15 dias, ele recebeu o aparelho, que lembra uma armadura metálica, com travas nos joelhos e na cintura, cedido pela Divisão de Medicina e Reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo.
"Já consigo dar uns passinhos. Tenho que treinar mais porque meus músculos estão atrofiados. Não vejo a hora de usar muletas."


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