São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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Aplicação de castigos em autistas será investigada por Promotoria

ALLAN DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O promotor da Pessoa Deficiente de Ribeirão Preto (314 km de São Paulo) Carlos Cezar Barbosa pediu a abertura de uma investigação criminal para apurar suposto crime de maus-tratos cometidos por funcionários da AMA (Associação de Amigos do Autista) em alunos com autismo.
Ele também abriu um inquérito civil para investigar os métodos utilizados nos alunos.
As medida foram tomadas após as mães dos alunos denunciarem que a entidade estaria castigando crianças, obrigando-as a ingerir uma mistura de boldo (planta com sabor amargo) e vinagre e trancando-as no banheiro.
Os castigos, segundo a AMA, são uma forma de inibir o suposto comportamento agressivo dos alunos.
O promotor solicitou à entidade a suspensão imediata do método. Ele também intimou a coordenadoria da entidade a prestar depoimento no Ministério Público na próxima semana.
Para o promotor, a entidade pode estar infringindo a Constituição e a Lei de Proteção aos Portadores de Deficiência. Se comprovada a culpa, Barbosa pode pode pedir indenização por danos morais aos alunos e a destituição da diretoria da AMA.
O processo de investigação também contará com laudos -solicitados ao Departamento de Psicologia da USP, em Ribeirão, ao Centro Ann Sullivan, também de Ribeirão, e à AMA em São Paulo- sobre o método usado.
Um agravante no caso é que o método foi utilizado nos alunos antes de os pais serem informados. "Os pais têm todo o direito de receber informações sobre os tipos de tratamento aplicados em seus filhos", disse Barbosa.
Para a coordenadora-geral da instituição, Maria Cristina Verdi, a falta de comunicação do método aos pais foi o único erro.
A presidente da Abra (Associação Brasileira de Autismo), Maria do Carmo Tourinho Ribeiro, discorda do método. "É uma agressão muito grande contra o aluno."


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