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CASA DE FERREIRO
Superintendente diz que R$ 2 mi não estavam na sala-forte do órgão, mas em compartimento menos seguro
PF muda versão sobre cofre alvo de furto
JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO
O dinheiro furtado da Polícia
Federal do Rio estava em um cofre mais simples e menos seguro,
admitiu a superintendência estadual do órgão ontem.
Após ter afirmado que os R$ 2
milhões em euros e dólares foram
furtados de sua sala-forte (com
aparelhos mais sofisticados de
proteção), o superintendente em
exercício da PF do Rio, Roberto
Prel, mudou a versão, ontem à
noite. Declarou, por meio da assessoria de comunicação, que o
dinheiro estava, na realidade, em
um cofre mais simples no interior
da DRE (Delegacia de Repressão a
Entorpecentes). Além disso, foram arrombadas seis fechaduras,
em vez de duas como Prel havia
declarado anteontem.
O novo fato muda a mecânica
do furto. A sala-forte fica no saguão do quarto andar do prédio
da PF. O cofre, onde estava o dinheiro, está localizado em uma
sala com grade de ferro, nos fundos da DRE, no mesmo andar.
Todos os membros da DRE estão sendo investigados. Os ladrões não precisaram sair da delegacia para pegar o dinheiro, já que
estava em cofre da própria repartição. Ao lado da sala da DRE, há
uma porta que dá para uma sacada, que fica próxima a um terminal rodoviário. Aberta essa porta,
os ladrões não precisariam sair do
prédio com o dinheiro, bastaria
atirar o saco com as notas na rua.
São seis as portas arrombadas: a
de um delegado, a do cartório, a
de um agente, a de um escrivão, a
da secretaria e, por fim, a do escrivão-chefe, onde estava a chave do
cofre que guardava o dinheiro.
O inquérito que apontava onde
estava o dinheiro apreendido na
Operação Caravelas foi remexido
pelos ladrões, e impressões digitais foram colhidas. Ontem começaram a ser abertos os armários
dos 59 policiais federais afastados.
O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, chamou o furto de "golpe
de ousadia". Segundo Lacerda,
"existe praticamente a certeza de
que há servidores da Polícia Federal envolvidos". Ele trabalha com
duas possibilidades. Uma é a de
que um servidor tenha sido cooptado por essa quadrilha e dela faça
parte; outra, a de um membro da
investigação que teria se aproveitado do momento para roubar e
tentar desacreditar o trabalho da
PF. Reforços da PF foram enviados de Brasília para o Rio.
Cheque descontado
O furto de um talão de cheques
-apreendido em um clube de rinha de galo na operação da PF
que prendeu o publicitário Duda
Mendonça- é uma das pistas na
apuração do sumiço dos R$ 2 milhões em notas de euro e dólar.
As investigações confirmaram
pelo menos dois saques em um
banco: de R$ 15 mil e de R$ 3.000.
O talão estava sob custódia da
Delemaph (Delegacia de Meio
Ambiente e Patrimônio Histórico) e foi apreendido em outubro
do ano passado. A PF investiga a
ligação entre os dois casos, que
envolvem agentes egressos da
DRE (Delegacia de Repressão a
Entorpecentes) da PF.
O furto do talão de cheques
ocorreu em uma delegacia para a
qual foram transferidos agentes
da DRE, após uma reformulação
sofrida pela delegacia em 2004.
Uma sindicância foi aberta para
apurar o furto dos cheques.
"Não podemos descartar nada,
inclusive a participação de pessoas de fora da instituição, prestadores de serviço e terceirizados,
embora os indícios de que foi um
caso interno sejam fortes", disse o
superintendente em exercício da
PF no Rio, delegado Roberto Prel.
Alfredo Dutra, delegado titular
da DRE, afastado após a constatação do furto do dinheiro apreendido durante a Operação Caravelas, disse acreditar na participação
de policiais federais no crime.
"Não creio que seja alguém da
minha equipe, mas com certeza
foi da PF. Também não acredito
que o furto tenha sido feito para
desestabilizar politicamente a instituição no Rio, mas sim que foi
uma maçã podre que cometeu esse tipo de coisa", afirmou Dutra.
O corregedor da PF no Rio, delegado Victor Hugo Poubel, disse
ter tomado depoimento de 20 dos
59 policiais federais afastados. Para Poubel, nenhum forneceu pistas que possam levar à autoria.
O delegado afirmou que cinco
delegados -três da DRE e dois da
delegacia de plantão- disseram,
em depoimento, que não foram
observadas alterações na rotina
do prédio da sede do órgão no fim
de semana, mas a corregedoria
apura denúncias de um churrasco
no domingo na sede da PF.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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