|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Comissão da prefeitura concluiu que fiscais participaram de tumulto, mas não confirma agressão a ambulante
Caso de camelô morto fica sem conclusão
MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
da Reportagem Local
A Prefeitura de São Paulo concluiu ontem que seus fiscais participaram de um "tumulto" que
terminou no espancamento e
morte do ambulante Paulo Nélson
Barroso dos Santos, na estação da
Luz (região central).
O camelô levou golpes com canos de ferro e pauladas na cabeça,
no dia 11 de outubro. Foi medicado, mas continuou sentindo dores
e morreu um mês depois por causas ainda desconhecidas -possivelmente em consequência do espancamento sofrido.
O relatório final da comissão de
averiguação preliminar, assinado
pelo secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, deve ser publicado no "Diário Oficial do Município" de hoje.
A conclusão é que, "embora os
integrantes da comissão não tenham conseguido confirmar e
identificar a autoria da agressão
contra o ambulante, ficou bem
evidenciada a ocorrência do tumulto envolvendo a participação
dos servidores".
O relatório será encaminhado ao
Departamento de Procedimentos
Disciplinares (Proced), da Secretaria dos Negócios Jurídicos, com a
determinação de que os acusados
sejam afastados dos serviços de
apreensão da Regional da Sé.
O secretário Savelli determina
ainda ainda que o administrador
regional da Sé, João Bento dos
Santos Filho, forneça ao Proced
"todos os elementos e informações complementares necessárias
à elucidação dos fatos".
Savelli afirma que está apenas
cumprindo o que diz a lei do funcionalismo público.
"A gente quer punir, mas acaba
beneficiando os culpados", afirma. "A rigidez da lei não nos permite demitir um funcionário se
não houver comprovação de crime
ou irregularidade."
Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, não compete ao
município apurar se houve ou não
agressão. Foi constatado um tumulto. As consequências dessa desavença -e a causa da morte do
camelô- caberiam apenas à polícia investigar.
Acusação
A pista-chave para a identificação dos culpados é o boletim de
ocorrência registrado pelo ambulante, após o espancamento.
Santos apontou como agressores
os fiscais da prefeitura que estavam na perua placas GY-4258, pertencente à Regional da Sé.
Ele disse que apanhou porque
não quis dar a "caixinha" da semana -propina cobrada pelos
fiscais para "autorizar" a permanência da banca dele, de doces e
refrigerantes, na estação da Luz.
Foram denunciados 23 fiscais
responsáveis pela área. A polícia
investiga a causa da morte e está
interrogando os acusados para poder identificação dos culpados.
"Mas o caso está meio parado
porque estou esperando o inquérito retornar do Fórum", afirma o
delegado Carmo Aparecido de Camargo, do 2º Distrito Policial.
Ainda que possa dar continuidade às investigações com a cópia do
inquérito, Camargo alega que prefere esperar. "Não é preciso ter
pressa", disse ontem à Folha.
Se for confirmado que a morte
do ambulante teve como causa o
espancamento, os responsáveis
podem ser condenados de 4 a 12
anos de prisão, por lesão corporal
seguida de morte.
O Instituto Médico Legal prevê a
divulgação do laudo com a causa
da morte em uma semana.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|