São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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CORRUPÇÃO

Imagem mostra suposto suborno de PMs no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Imagens feitas pelo dirigível da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio mostram policiais militares do 18º Batalhão (Jacarepaguá, zona oeste do Rio) supostamente recebendo propina de traficantes da Cidade de Deus.
O dirigível flagrou quatro PMs levando um homem algemado para a 32ª Delegacia de Polícia.
O preso seria traficante, segundo investigações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança, que coordenou a operação. Uma hora depois, os policiais saem portando um envelope com dinheiro, que é dividido. A Folha teve acesso às imagens, que são claras ao mostrar os PMs contando e distribuindo dinheiro. Minutos depois, o suposto traficante sai livremente pela rua.
As imagens foram passadas para o comandante do 18º Batalhão, tenente-coronel Marco Aurélio de Moura, que instaurou sindicância. Os quatro PMs envolvidos estão detidos, e seus nomes não foram revelados. Eles são do Destacamento de Policiamento Ostensivo instalado na favela.
A divulgação das imagens ocorreu um dia após os três oficiais do Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel) da PM, entre eles o comandante José Carlos Dias, terem denunciado à Justiça que policiais do 18º Batalhão recebem propina dos traficantes da Cidade de Deus. Os três estão presos sob acusação de exigirem R$ 120 mil dos traficantes da mesma favela para não fazer incursões no local.
As imagens foram feitas depois que um ex-traficante informou à Subsecretaria de Inteligência e à Corregedoria Geral Unificada das Polícias que PMs do Batalhão recebem dinheiro dos traficantes para permitir a realização de bailes funks na Cidade de Deus.
Segundo o denunciante, que está sob proteção, durante os bailes, traficantes do Comando Vermelho de várias favelas se reuniam para traçar estratégias de ação.
A Subsecretaria e a Corregedoria também investigam as denúncias do traficante Edvanderson Gonçalves, o Deco. Preso em novembro, ele disse que os PMs do 18º recebiam, semanalmente, de R$ 1.500 a R$ 2.000 para autorizar os bailes na Cidade de Deus.


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