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Governo autoriza ecoturismo em parque nacional no Rio
Área preservada é liberada para visitação, mesmo com fiscalização precária
Parque Nacional de Jurubatiba soma 14 mil hectares e tem praias, canais e 18 lagoas ainda não atingidos pela poluição
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A QUISSAMÃ (RJ)
Sem funcionários suficientes
e mecanismos de vigilância nos
12 acessos, o Ministério do
Meio Ambiente inaugurou na
sexta-feira um centro de visitantes e abriu para o ecoturismo o Parque Nacional de Jurubatiba, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro.
Criado em 1998 pelo presidente à época, Fernando Henrique Cardoso, o parque tinha
acesso proibido desde então
por falta de plano de manejo,
que foi finalmente concluído
em agosto. Agora, em parceria
com a Prefeitura de Quissamã
(cidade a cerca de 250 km do
Rio), o governo federal decidiu
permitir passeios de jipe e barco e caminhadas em trilhas.
Jurubatiba é uma das áreas
menos povoadas do Estado,
embora se localize a cerca de
200 km da capital. O parque se
estende por 44 km da costa, em
áreas dos municípios de Macaé,
Carapebus e Quissamã.
Por causa da violência do
mar e da ausência de enseadas,
a região ficou esquecida no decorrer da ocupação litorânea
do Estado do Rio. Hoje, a pressão urbana já a ameaça, apesar
das ondas que, nas ressacas,
chegam a 4 metros de altura. O
limite sul do parque faz divisa
com a favela Lagomar, onde, estima a Prefeitura de Macaé,
moram cerca de 40 mil pessoas.
Uma rua estreita separa a comunidade do parque.
Jurubatiba soma 14 mil hectares. São seqüências de praias,
canais e 18 lagoas ainda não
atingidas pela poluição.
Vivem em Jurubatiba espécies endêmicas -só encontradas lá-, como um crustáceo
azulado, semelhante ao camarão, o diaptomus azureus. Há
também animais extintos em
outros locais, como o papagaio
chauá. A vegetação é típica de
restinga, só que preservada, diferentemente do que ocorre em
outras áreas no Estado. Por tudo isso, pesquisadores da UFRJ
(Universidade Federal do Rio
de Janeiro) chamam o local de
"santuário ecológico",
Para tomar conta dele, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
-autarquia federal responsável pelas unidades de conservação da natureza-, mantém
quatro funcionários, dos quais
apenas um é fiscal. O plano de
manejo estipula em 12 a quantidade ideal de servidores.
Na prática, o acesso ao parque é livre. A chance de um invasor esbarrar na fiscalização
praticamente inexiste, como
reconhecem os próprios funcionários. Não há pórticos, cancelas e guaritas. É possível entrar no parque sem perceber,
por falta de sinalização.
A abertura para o ecoturismo
seria uma forma de controle,
imaginam o governo e a administração de Quissamã, cidade
que detém 65% das terras do
parque. O centro de visitantes
foi construído pela prefeitura
na praia João Francisco. Nele
trabalharão funcionários municipais e do Chico Mendes.
O biólogo Francisco Esteves,
professor titular da UFRJ que
freqüenta a área desde antes da
criação do parque, diz que o sucesso da abertura para o ecoturismo "vai depender das políticas públicas" implementadas.
Diretor do Nupem (Núcleo
em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé),
da UFRJ, Esteves defende parcerias entre as universidades e
os governos federal, estadual e
municipal para manter Jurubatiba em bom estado de conservação.
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