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Sistema causou impacto na região
DA REPORTAGEM LOCAL
Até o fim dos anos 60, a área onde estão as três represas do Cantareira na bacia do rio Piracicaba tinha como atividades principais as
relacionadas à agropecuária nas
várzeas. A implantação do sistema, numa época em que as preocupações ambientais quase inexistiam, mudou o perfil socioeconômico da região, diz Marussia
Whately, coordenadora do Programa Mananciais do ISA.
A agricultura de várzea foi a
mais afetada. "Os proprietários de
terra receberam indenizações, e
as alternativas eram comprar outras propriedades, aplicar o dinheiro no sistema financeiro ou
migrar para cidades dos arredores, a fim de trabalhar como empregados domésticos, pedreiros,
cozinheiros etc.", afirma Whately.
Alguns dos que ficaram nas
margens dos reservatórios passaram a explorar o turismo, que, se
desenvolvido sem cuidados, pode
degradar a cobertura florestal.
Por tudo isso, diz Whately, o
Cantareira deve servir de exemplo para os que defendem ir buscar água para a Grande São Paulo
cada vez mais longe. "As dificuldades e os impactos muitas vezes
não compensam e é melhor cuidar do que está mais perto."
O sistema Cantareira foi inaugurado em dezembro de 1973 e
começou a operar em 1974 com o
objetivo de incrementar o abastecimento da Grande São Paulo,
que tinha, então, cerca de 6 milhões de moradores. A água vem
das nascentes da bacia do rio Piracicaba, mananciais que ficam a
mais de 100 km de distância, na
serra da Mantiqueira (MG).
Para que isso fosse possível, o
Ministério das Minas e Energia
assinou, na ocasião, uma outorga
que permitia a retirada de até 31
mil litros por segundo para a região metropolitana de São Paulo.
A autorização vence em agosto,
e o volume retirado vem sendo
negociado entre a Sabesp e o comitê da bacia do Piracicaba, sendo que a decisão final caberá à
Agência Nacional de Águas.
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