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CIDADANIA
Ministra defende políticas públicas de educação e cultura para negros
Estatuto prevê criação de cotas no funcionalismo
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Estatuto da Igualdade Racial
que está sendo discutido pelo governo prevê a criação de cotas para o ingresso de negros no funcionalismo público, o desenvolvimento da produção cultural negra, o ingresso nas universidades
federais e a participação de negros
nos meios de comunicação.
"O estatuto é uma preocupação
sobre o papel que o Executivo tem
em desenvolver garantias políticas para a população negra", afirmou Matilde Ribeiro, ministra da
Seppir (Secretaria de Promoção
da Igualdade Racial). Ela participou ontem da comemoração de
um ano da criação da secretaria.
"O estatuto tem indicativos para
as várias áreas da política brasileira. São ações afirmativas, e não
apenas cotas", afirmou.
As quatro principais áreas de
cotas são: educação, trabalho, cultura e meios de comunicação. Segundo Matilde, o estatuto dará a
base legal para a universalização
das cotas para negros nas universidades federais. Na área de cultura, serão, por exemplo, privilegiados apoio a filmes ou produções
culturais que valorizem a cultura
ou o artista negro.
O ingresso no funcionalismo
público também deverá sofrer
mudanças. Com o estatuto, será
instituída a necessidade da criação de reserva de vagas para negros e instrumentos de incentivo
para que a empresa privada contrate pessoas negras.
"O poder público tem de criar
meios e instrumentos de incentivo às empresas, para que trabalhem com a perspectiva de ampliação do número de negros empregados", disse Matilde.
A ministra afirmou que o estatuto estabelecerá a cobrança pela
entrada de negros nos meios de
comunicação, como rádio e televisão. "As cotas vêm a responder
a desigualdade histórica do país.
Se chegar um momento de equilíbrio e não precisarmos mais ter
cotas, estaremos partilhando dos
mesmos direitos."
A proposta de estatuto da igualdade racial será enviada ao Congresso Nacional ainda neste ano,
segundo a ministra.
O governo também trabalhará,
disse ela, para "mudar visões de
mundo". Ela diz que é preciso um
esforço para a sociedade pensar
sobre o racismo e mudar conceitos que ampliam a desigualdade.
Para isso, haverá capacitação e
conscientização dos funcionários
públicos que implementam as
ações de governo.
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