|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Anac, não existe crise no setor aéreo
Presidente da agência de aviação civil diz que "problemas" atuais são causados principalmente por gargalo em Congonhas
De acordo com o ministro do Turismo, episódios que têm provocado atrasos recorrentes nos aeroportos do país são "pontuais"
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
FABIOLA SALANI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
Milton Zuanazzi, negou ontem
que exista uma crise no setor
aéreo e afirmou que a culpa dos
"problemas", como classificou,
é principalmente do gargalo do
aeroporto de Congonhas, em
São Paulo, responsabilidade da
Infraero (estatal que administra os principais aeroportos).
"Se houvesse uma crise, as
empresas não estariam investindo", afirmou, durante participação no Fórum Panrotas,
que aconteceu ontem em São
Paulo. "Foram R$ 2,7 bilhões
em investimentos em 2006."
O discurso foi afinado com o
do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, que pela
manhã, também no fórum, já
dissera que esta não é uma crise
do setor aéreo, mas episódios
pontuais que levaram a situações de "muito desconforto aos
passageiros, sem dúvida". "É a
Lei de Murphy, o que pode dar
errado, vem dando."
Um alerta do Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo) ao Comando da Aeronáutica e à cúpula do governo
federal em 2005, no entanto, já
falava sobre a possibilidade de
"atrasos e congestionamentos
nos principais aeroportos do
país" caso o Orçamento de
2006 não contemplasse recursos para manutenção de equipamentos, que acabaram sendo
alvo de contingenciamento.
Outra conseqüência prevista
da falta de dinheiro seria "o
maior tempo de espera entre
pousos e decolagens de um
mesmo aeroporto".
À tarde, Zuanazzi disse que
no final do ano retrasado os
vôos também atrasavam ou
eram cancelados, mas isso não
tinha tanta repercussão na imprensa. Ou seja, que a situação
atual estaria sendo exagerada.
Em dezembro de 2005, porém, os índices de atraso eram
muito inferiores. A Varig, por
exemplo, que já estava em crise,
atrasou 19% dos vôos. A TAM e
a Gol, respectivamente 4% e
3% dos vôos. Para ter uma idéia
da diferença do que vem ocorrendo nos últimos meses, em
dezembro do ano passado as
companhias atrasaram, em
média, 36% dos vôos.
Zuanazzi ainda falou sobre a
questão da infra-estrutura.
"Chegamos agora ao problema,
que eu chamo de problema, e
não de crise, que é a infra-estrutura de aeroportos, onde há
um grande gargalo no Brasil,
principalmente em São Paulo",
afirmou, destacando o caso de
Congonhas.
Ele apontou também a dificuldade de formar controladores de vôo e a busca das companhias por rentabilidade nas rotas -o que gera malhas altamente conectadas- como potencializador dos "problemas".
"As malhas são muito integradas, e qualquer problema é sentido em todo o sistema."
Há um estudo em fase "avançada", segundo ele, sobre a possibilidade de flexibilizar, de
acordo com a demanda, as tarifas que as companhias pagam à
Infraero para operar. A meta é
desconcentrar vôos de aeroportos como o de Congonhas.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Susto no ar: Colisão com urubu abre buraco em aeronave de autoridades Próximo Texto: Depois do DF, controle aéreo no PR tem problema Índice
|