São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Para Anac, não existe crise no setor aéreo

Presidente da agência de aviação civil diz que "problemas" atuais são causados principalmente por gargalo em Congonhas

De acordo com o ministro do Turismo, episódios que têm provocado atrasos recorrentes nos aeroportos do país são "pontuais"

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

FABIOLA SALANI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, negou ontem que exista uma crise no setor aéreo e afirmou que a culpa dos "problemas", como classificou, é principalmente do gargalo do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, responsabilidade da Infraero (estatal que administra os principais aeroportos).
"Se houvesse uma crise, as empresas não estariam investindo", afirmou, durante participação no Fórum Panrotas, que aconteceu ontem em São Paulo. "Foram R$ 2,7 bilhões em investimentos em 2006."
O discurso foi afinado com o do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, que pela manhã, também no fórum, já dissera que esta não é uma crise do setor aéreo, mas episódios pontuais que levaram a situações de "muito desconforto aos passageiros, sem dúvida". "É a Lei de Murphy, o que pode dar errado, vem dando."
Um alerta do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) ao Comando da Aeronáutica e à cúpula do governo federal em 2005, no entanto, já falava sobre a possibilidade de "atrasos e congestionamentos nos principais aeroportos do país" caso o Orçamento de 2006 não contemplasse recursos para manutenção de equipamentos, que acabaram sendo alvo de contingenciamento.
Outra conseqüência prevista da falta de dinheiro seria "o maior tempo de espera entre pousos e decolagens de um mesmo aeroporto".
À tarde, Zuanazzi disse que no final do ano retrasado os vôos também atrasavam ou eram cancelados, mas isso não tinha tanta repercussão na imprensa. Ou seja, que a situação atual estaria sendo exagerada.
Em dezembro de 2005, porém, os índices de atraso eram muito inferiores. A Varig, por exemplo, que já estava em crise, atrasou 19% dos vôos. A TAM e a Gol, respectivamente 4% e 3% dos vôos. Para ter uma idéia da diferença do que vem ocorrendo nos últimos meses, em dezembro do ano passado as companhias atrasaram, em média, 36% dos vôos.
Zuanazzi ainda falou sobre a questão da infra-estrutura. "Chegamos agora ao problema, que eu chamo de problema, e não de crise, que é a infra-estrutura de aeroportos, onde há um grande gargalo no Brasil, principalmente em São Paulo", afirmou, destacando o caso de Congonhas.
Ele apontou também a dificuldade de formar controladores de vôo e a busca das companhias por rentabilidade nas rotas -o que gera malhas altamente conectadas- como potencializador dos "problemas". "As malhas são muito integradas, e qualquer problema é sentido em todo o sistema."
Há um estudo em fase "avançada", segundo ele, sobre a possibilidade de flexibilizar, de acordo com a demanda, as tarifas que as companhias pagam à Infraero para operar. A meta é desconcentrar vôos de aeroportos como o de Congonhas.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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