São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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Famílias buscam indenização maior nos EUA

ROGÉRIO PAGNAN
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase metade das famílias das vítimas do acidente 1907 rejeitou fechar acordos com a Gol e trocou a Justiça brasileira pela norte-americana. O motivo é simples: a certeza que terão indenização mais justa.
A estimativa, dos defensores das famílias, é que os valores estipulados pelos tribunais nos Estados Unidos sejam de três a quatro vezes maiores do que os determinados pela Justiça brasileira (e em dólares).
"O que define o valor da indenização é se o processo fica nos Estados Unidos ou não. Se ficar, as [famílias das] vítimas terão uma indenização bem melhor. Se não ficar, vão ser indenizadas do mesmo jeito, só que com parâmetros da lei brasileira", disse o advogado Leonardo Amarante, defensor de 46 famílias nos Estados Unidos.
Até agora, segundo número da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907 da Gol, 67 famílias entraram, ou estão entrando, com processo em cidades dos EUA. Segundo a Gol, das 154 vítimas, foram fechados acordos com 18 famílias e outros 16 estão em fase final de negociação. O valor médio não foi divulgado.
Rosane Gutjahr, viúva do empresário Rolf Gutjahr, de Curitiba, diz não ter aceitado acordo e ter entrado com processo nos Estados Unidos porque seu interesse não é indenização, mas ver os pilotos do Legacy serem responsabilizados.
"A Gol me ligou cinco vezes e marcamos reunião. Me propuseram um acordo mediante assinatura de um documento abrindo mão de entrar com processos no Brasil e nos Estados Unidos. O encontro não durou oito minutos."
A Gol diz que, nesse caso, adotou uma "prática jurídica regular, respaldada pela Constituição Federal".
Segundo Amarante, as ofertas da empresa variam de 300 a 500 salários mínimos por dano moral (R$ 105 mil e R$ 175 mil), mais dano material (que varia segundo dados como expectativa de vida e rendimentos). Rosane diz que na reunião com a Gol não falaram sobre dinheiro. Mas o advogado de outra família lhe contou que a oferta foi de R$ 400 mil.
O presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Jorge André Cavalcante, diz que a entidade não opina nas realizações de acordo porque as situações das famílias são muito diferentes umas da outras.


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