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Famílias buscam indenização maior nos EUA
ROGÉRIO PAGNAN
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase metade das famílias
das vítimas do acidente 1907
rejeitou fechar acordos com a
Gol e trocou a Justiça brasileira
pela norte-americana. O motivo é simples: a certeza que terão indenização mais justa.
A estimativa, dos defensores
das famílias, é que os valores estipulados pelos tribunais nos
Estados Unidos sejam de três a
quatro vezes maiores do que os
determinados pela Justiça brasileira (e em dólares).
"O que define o valor da indenização é se o processo fica nos
Estados Unidos ou não. Se ficar, as [famílias das] vítimas terão uma indenização bem melhor. Se não ficar, vão ser indenizadas do mesmo jeito, só que
com parâmetros da lei brasileira", disse o advogado Leonardo
Amarante, defensor de 46 famílias nos Estados Unidos.
Até agora, segundo número
da Associação de Familiares e
Amigos das Vítimas do Vôo
1907 da Gol, 67 famílias entraram, ou estão entrando, com
processo em cidades dos EUA.
Segundo a Gol, das 154 vítimas,
foram fechados acordos com 18
famílias e outros 16 estão em fase final de negociação. O valor
médio não foi divulgado.
Rosane Gutjahr, viúva do
empresário Rolf Gutjahr, de
Curitiba, diz não ter aceitado
acordo e ter entrado com processo nos Estados Unidos porque seu interesse não é indenização, mas ver os pilotos do Legacy serem responsabilizados.
"A Gol me ligou cinco vezes e
marcamos reunião. Me propuseram um acordo mediante assinatura de um documento
abrindo mão de entrar com
processos no Brasil e nos Estados Unidos. O encontro não durou oito minutos."
A Gol diz que, nesse caso,
adotou uma "prática jurídica
regular, respaldada pela Constituição Federal".
Segundo Amarante, as ofertas da empresa variam de 300 a
500 salários mínimos por dano
moral (R$ 105 mil e R$ 175 mil),
mais dano material (que varia
segundo dados como expectativa de vida e rendimentos). Rosane diz que na reunião com a
Gol não falaram sobre dinheiro. Mas o advogado de outra família lhe contou que a oferta foi
de R$ 400 mil.
O presidente da Associação
de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Jorge André
Cavalcante, diz que a entidade
não opina nas realizações de
acordo porque as situações das
famílias são muito diferentes
umas da outras.
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