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Estudo aponta que Avandia, usado para tratar diabetes, aumenta risco de infarto
PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos remédios mais usados no mundo para o tratamento de diabetes, o Avandia pode
aumentar o risco de ataques
cardíacos nos pacientes, aponta um estudo publicado ontem
pelo "New England Journal of
Medicine".
A pesquisa comparou 15.560
pacientes submetidos ao tratamento com Avandia com
12.283 pessoas que recebiam
placebos ou eram tratadas com
outros medicamentos. Foi
constatado que aqueles que tomaram o Avandia apresentaram uma probabilidade 43%
maior de sofrer um infarto. O
estudo também sugeriu uma
tendência maior de casos fatais
aparecerem nesse grupo.
O laboratório GSK, que produz o medicamento, divulgou
nota contestando o resultado
da pesquisa. O comunicado diz
que o estudo foi baseado em
"evidências incompletas" e em
"metodologia que o próprio autor admite ter limitações significativas". A receita obtida pelo
Avandia no Brasil é de R$ 37
milhões, cerca de 7% do total
do faturamento da empresa na
área farmacêutica, informou a
assessoria de imprensa.
O medicamento Avandia é
receitado para pessoas com
diabetes tipo 2, caracterizada
pela resistência à insulina. O
remédio age no controle do nível de açúcar no sangue.
A professora titular de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
Maria Teresa Zanella, diz que o
Avandia já era relacionado à insuficiência cardíaca, porque
provoca maior retenção de líquido no organismo e aumenta
o volume de sangue circulante.
Ela afirmou, entretanto, que
desconhecia a possibilidade de
o remédio aumentar o risco de
ataques cardíacos.
Remédio caro
"No país, devido ao preço, o
Avandia não é utilizado em escala tão grande", diz Marcos
Tambascia, presidente da SBD
(Sociedade Brasileira de Diabetes). Segundo ele, o custo mensal do tratamento à base de
Avandia pode chegar a R$ 150.
No Brasil, são vendidos cerca
de 6 milhões de comprimidos
por ano, informou a assessoria
da GSK. De acordo com estimativa da SBD, ao menos 10 milhões de pessoas sofrem de diabetes no país.
Os remédios mais empregados para o tratamento da doença no Brasil são o Metformina e
o Glibenclamida, ambos distribuídos na rede pública.
Anvisa
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) aguarda a divulgação da pesquisa em
uma publicação oficial para tomar um posicionamento.
A assessoria de imprensa informou que o estudo publicado
no periódico será solicitado para que seja feita uma análise sobre a metodologia e o recorte
usados. Caso seja constatado
um risco ligado ao uso do medicamento, a Anvisa pode fazer
um alerta sobre o uso da droga e
obrigar o laboratório a informar a comunidade médica.
Com a Bloomberg
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