São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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Estudo aponta que Avandia, usado para tratar diabetes, aumenta risco de infarto

PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos remédios mais usados no mundo para o tratamento de diabetes, o Avandia pode aumentar o risco de ataques cardíacos nos pacientes, aponta um estudo publicado ontem pelo "New England Journal of Medicine".
A pesquisa comparou 15.560 pacientes submetidos ao tratamento com Avandia com 12.283 pessoas que recebiam placebos ou eram tratadas com outros medicamentos. Foi constatado que aqueles que tomaram o Avandia apresentaram uma probabilidade 43% maior de sofrer um infarto. O estudo também sugeriu uma tendência maior de casos fatais aparecerem nesse grupo.
O laboratório GSK, que produz o medicamento, divulgou nota contestando o resultado da pesquisa. O comunicado diz que o estudo foi baseado em "evidências incompletas" e em "metodologia que o próprio autor admite ter limitações significativas". A receita obtida pelo Avandia no Brasil é de R$ 37 milhões, cerca de 7% do total do faturamento da empresa na área farmacêutica, informou a assessoria de imprensa.
O medicamento Avandia é receitado para pessoas com diabetes tipo 2, caracterizada pela resistência à insulina. O remédio age no controle do nível de açúcar no sangue.
A professora titular de endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Maria Teresa Zanella, diz que o Avandia já era relacionado à insuficiência cardíaca, porque provoca maior retenção de líquido no organismo e aumenta o volume de sangue circulante. Ela afirmou, entretanto, que desconhecia a possibilidade de o remédio aumentar o risco de ataques cardíacos.

Remédio caro
"No país, devido ao preço, o Avandia não é utilizado em escala tão grande", diz Marcos Tambascia, presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes). Segundo ele, o custo mensal do tratamento à base de Avandia pode chegar a R$ 150.
No Brasil, são vendidos cerca de 6 milhões de comprimidos por ano, informou a assessoria da GSK. De acordo com estimativa da SBD, ao menos 10 milhões de pessoas sofrem de diabetes no país.
Os remédios mais empregados para o tratamento da doença no Brasil são o Metformina e o Glibenclamida, ambos distribuídos na rede pública.

Anvisa
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aguarda a divulgação da pesquisa em uma publicação oficial para tomar um posicionamento.
A assessoria de imprensa informou que o estudo publicado no periódico será solicitado para que seja feita uma análise sobre a metodologia e o recorte usados. Caso seja constatado um risco ligado ao uso do medicamento, a Anvisa pode fazer um alerta sobre o uso da droga e obrigar o laboratório a informar a comunidade médica.


Com a Bloomberg


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