São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fracassam negociações para liberar a USP

Duas reuniões realizadas ontem, pela PM e pela reitora, acabaram sem acordo com os estudantes; invasão completa 19 dias

Até a conclusão desta edição, alunos estudavam proposta de colocar o assunto em votação; reitora deu prazo até 0h de hoje

Danilo Verpa/Folha Imagem
Alunos em greve montaram barricada de pneus em frente ao prédio da reitoria, na Cidade Universitária; as tentativas de negociação para que eles deixem o local fracassaram


FÁBIO TAKAHASHI
ROGÉRIO PAGNAN

DA REPORTAGEM LOCAL

Fracassaram ontem as duas tentativas de negociação para a saída pacífica dos alunos do prédio da reitoria da USP, na zona oeste da capital, que prometem resistir à ação policial para reintegração de posse. A invasão completa 19 dias hoje.
Uma das tentativas foi da própria Polícia Militar, que tem determinação da Justiça para desocupar o prédio.
A reunião, que teve participação de representantes da Assembléia Legislativa e de organizações ligadas aos direitos humanos, foi organizada pelo comandante de policiamento de choque da PM, o coronel Joviano Conceição Lima, que disse preferir o entendimento.
O PM pode responder a processo por desobediência se não cumprir a ordem do juiz da 13ª Vara da Fazenda Pública, Jayme Martins de Oliveira Neto, que determina a retirada imediata dos alunos.
A outra reunião ocorreu com a própria reitora, Suely Vilela, que deu até a 0h de hoje para que os alunos dessem uma posição sobre a retirada.
Os manifestantes afirmaram que só podiam dar tal resposta amanhã, após realizar assembléia. Até a conclusão desta edição, porém, os alunos estudavam pôr em votação o tema para antecipar uma decisão.
A radicalização por parte dos alunos provocou uma série de críticas, como do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Mário de Oliveira Filho. "É um momento histórico porque a polícia está negociando com os estudantes antes de fazer a reintegração. Isso é exceção. Os estudantes conseguiram uma vitória importante. A causa deles têm repercussão nacional, mas insistir pode ser um tiro no próprio pé."
Após a reunião, que durou quatro horas, a reitora não quis dizer qual seria o procedimento a ser tomado caso os estudantes confirmassem a posição de não cumprir o prazo.
"Trataremos disso amanhã [hoje]", disse Vilela, acrescentando que a reitoria sempre esteve aberta à negociação.
A Tropa de Choque já está pronta para realizar a reintegração, mas espera uma última conversa com a reitoria para executar a ordem judicial.
Os manifestantes reivindicam um posicionamento da reitora sobre as medidas do governador José Serra (PSDB) para o ensino superior que, segundo eles, tiram a autonomia das universidades estaduais.
Além disso, os alunos reivindicam, entre outros pontos, a criação de cerca de 700 moradias estudantis e a reforma de algumas unidades.
A reitoria afirma que já se pronunciou, por meio de uma nota assinada pelos três reitores na qual eles dizem que não há mais risco à autonomia.
Os funcionários da USP, que também participam da invasão, afirmam que irão resistir caso seja usada força policial.
"A reitora foi intransigente. Ficará nas mãos dela o que vier a acontecer", disse Magno de Carvalho, diretor do Sintusp (sindicato dos funcionários).
Ontem, as entradas para a rua da reitoria estavam bloqueadas com peças de concreto. Na frente da reitoria havia uma barricada de pneus.
A Folha apurou que o discurso duro do Sintusp está sendo contestado por parte dos alunos que invadiram a reitoria -eles são maioria entre as cerca de 200 pessoas que se revezam no local. A posição desse grupo é que não seria necessário enfrentar a PM.
Até a conclusão desta edição, a reportagem não havia conseguido contato com a direção do sindicato para comentar essa posição de parte dos alunos.


Texto Anterior: Empresa entrega medicamento errado
Próximo Texto: Invasão interferirá no pagamento aos funcionários
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.