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Polícia tira delegado de cargo após atentado
Responsável pela Polícia Civil em Mogi das Cruzes, onde jornalista foi alvo de atentado, ele ficará temporariamente sem função
Diretor que coordena a Polícia Civil em 38 cidades da Grande São Paulo afirma que mudança no posto "foi para dar uma oxigenada"
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O atentado a tiros cometido
por dois encapuzados no dia 15
contra o jornalista Edson Antonio Ferraz, 25, da TV Diário de
Mogi das Cruzes (Grande SP),
fez com que a Polícia Civil iniciasse ontem várias mudanças
na estrutura da corporação na
região e retirasse Carlos José
Ramos da Silva, o Casé, do cargo de delegado seccional.
Silva ocupava o posto em
Mogi das Cruzes havia oito
anos. No cargo, ele comandava
a Polícia Civil também em Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Salesópolis, Biritiba Mirim e Guararema, todos na Grande SP.
Para o lugar de Silva, o delegado-geral da Polícia Civil,
Maurício José Lemos Freire,
destacou o delegado Sergio Abdalla, que era o responsável pela seccional de Diadema (ABC).
Provisoriamente, Silva ficará
sem cargo na polícia. Para o lugar de Abdalla, Freire nomeou
o delegado Ivaney Cayres de
Souza, ex-chefe do Denarc (departamento de narcóticos) e do
Detran (departamento de trânsito). As mudanças serão publicadas hoje no "Diário Oficial"
do Estado.
Procurado há sete dias pela
Folha, Freire não quis se manifestar ontem sobre as alterações e nem sobre o atentado
contra o jornalista Ferraz.
"É uma mudança administrativa. Ele [Casé] estava havia
muito tempo no mesmo lugar e
o entendimento é o de que isso
não é muito salutar. Foi para
dar uma oxigenada", afirmou
Elson Alexandre Sayão, diretor
do Demacro (Departamento de
Polícia Judiciária da Macro São
Paulo), setor que coordena a
Polícia Civil em 38 cidades da
Grande São Paulo.
Interrogados
Ontem, 13 policiais civis denunciados por Ferraz em reportagens sobre corrupção policial foram interrogados pela
corregedoria. Todos são investigados sob suspeita de ligação
com o atentado contra o repórter. Eles negaram o crime.
Além de terem sido alvo de
reportagem de Ferraz, os 13 policiais são réus em um processo
porque foram acusados pela
Promotoria de cobrar propinas
de donos de prostíbulos, desmanches de carros e de donos
de máquinas caça-níqueis. À
época dos supostos crimes, entre 2002 e 2004, todos -dois
deles delegados- eram do Garra (Grupo de Repressão a Roubos e Assaltos).
Ao todo, 19 policiais foram alvo de suas apurações e todos
eles já foram denunciados à
Justiça pela Promotoria.
Na noite de quinta-feira, Ferraz trafegava, sozinho, por uma
avenida em Mogi das Cruzes
quando a picape com logotipo
da TV Diário foi fechada por
um Voyage, que ficou frente à
frente com o carro em que o repórter estava. Encapuzado, o
motorista do Voyage deu dois
tiros na direção do veículo, mas
nenhum dos disparos atingiu
Ferraz ou o carro da TV.
No sábado, a polícia encontrou um Voyage abandonado
na periferia da cidade e passou
a investigá-lo como o usado no
ataque a Ferraz.
O veículo não tinha queixa de
roubo ou furto, mas o local em
que foi encontrado não foi preservado pelos policiais do Garra que o acharam para que a perícia pudesse ser realizada. O
Garra foi denunciado por Ferraz em suas reportagens.
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