São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Polícia tira delegado de cargo após atentado

Responsável pela Polícia Civil em Mogi das Cruzes, onde jornalista foi alvo de atentado, ele ficará temporariamente sem função

Diretor que coordena a Polícia Civil em 38 cidades da Grande São Paulo afirma que mudança no posto "foi para dar uma oxigenada"

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O atentado a tiros cometido por dois encapuzados no dia 15 contra o jornalista Edson Antonio Ferraz, 25, da TV Diário de Mogi das Cruzes (Grande SP), fez com que a Polícia Civil iniciasse ontem várias mudanças na estrutura da corporação na região e retirasse Carlos José Ramos da Silva, o Casé, do cargo de delegado seccional.
Silva ocupava o posto em Mogi das Cruzes havia oito anos. No cargo, ele comandava a Polícia Civil também em Suzano, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Salesópolis, Biritiba Mirim e Guararema, todos na Grande SP.
Para o lugar de Silva, o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício José Lemos Freire, destacou o delegado Sergio Abdalla, que era o responsável pela seccional de Diadema (ABC).
Provisoriamente, Silva ficará sem cargo na polícia. Para o lugar de Abdalla, Freire nomeou o delegado Ivaney Cayres de Souza, ex-chefe do Denarc (departamento de narcóticos) e do Detran (departamento de trânsito). As mudanças serão publicadas hoje no "Diário Oficial" do Estado.
Procurado há sete dias pela Folha, Freire não quis se manifestar ontem sobre as alterações e nem sobre o atentado contra o jornalista Ferraz.
"É uma mudança administrativa. Ele [Casé] estava havia muito tempo no mesmo lugar e o entendimento é o de que isso não é muito salutar. Foi para dar uma oxigenada", afirmou Elson Alexandre Sayão, diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), setor que coordena a Polícia Civil em 38 cidades da Grande São Paulo.

Interrogados
Ontem, 13 policiais civis denunciados por Ferraz em reportagens sobre corrupção policial foram interrogados pela corregedoria. Todos são investigados sob suspeita de ligação com o atentado contra o repórter. Eles negaram o crime.
Além de terem sido alvo de reportagem de Ferraz, os 13 policiais são réus em um processo porque foram acusados pela Promotoria de cobrar propinas de donos de prostíbulos, desmanches de carros e de donos de máquinas caça-níqueis. À época dos supostos crimes, entre 2002 e 2004, todos -dois deles delegados- eram do Garra (Grupo de Repressão a Roubos e Assaltos).
Ao todo, 19 policiais foram alvo de suas apurações e todos eles já foram denunciados à Justiça pela Promotoria.
Na noite de quinta-feira, Ferraz trafegava, sozinho, por uma avenida em Mogi das Cruzes quando a picape com logotipo da TV Diário foi fechada por um Voyage, que ficou frente à frente com o carro em que o repórter estava. Encapuzado, o motorista do Voyage deu dois tiros na direção do veículo, mas nenhum dos disparos atingiu Ferraz ou o carro da TV.
No sábado, a polícia encontrou um Voyage abandonado na periferia da cidade e passou a investigá-lo como o usado no ataque a Ferraz.
O veículo não tinha queixa de roubo ou furto, mas o local em que foi encontrado não foi preservado pelos policiais do Garra que o acharam para que a perícia pudesse ser realizada. O Garra foi denunciado por Ferraz em suas reportagens.


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