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Reforma em Cumbica prevê fila de 685 m
Reorganização do sistema de embarque vai reduzir áreas livres e eliminar sala VIP da TAM, espaço para mesas e cadeiras e lojas
Projeto deve estar concluído até o fim do ano, diz Infraero; novo terminal, obra tida como mais importante, terá 1ª fase pronta só no fim de 2013
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
Superlotado e com gargalos
nos horários de pico, Cumbica,
o principal aeroporto do país,
vai passar por reformas que vão
reduzir áreas livres, eliminar
uma sala VIP e espaços de mesas e cadeiras e lojas para dar
lugar a uma reorganização do
sistema de embarque.
O projeto da Infraero para o
aeroporto em Guarulhos, na
Grande SP, cria uma rede de filas que podem chegar a 685 m, a
maior delas, no terminal 2, que
ainda terá novos aparelhos de
raio-X e detectores de metal.
No terminal 1, a TAM fechará
sua sala VIP no dia 26 para
abrir espaço para reformas e
novos equipamentos. A sala de
embarque do lado esquerdo
também perderá espaço. As
obras começam em um mês e
devem acabar até o fim do ano.
É uma tentativa da Infraero
de amenizar o caos que existe
pela manhã e no início da noite
em Cumbica, que registrou salto de 50% no número de passageiros nos últimos três anos
-sem nenhuma ampliação.
A Infraero diz que a mudança
irá "aprimorar o espaço físico e
proporcionar maior fluidez nas
áreas de circulação", o que vai
"ampliar o grau de conforto,
com melhoria na organização
das filas". O terceiro terminal,
considerada a obra mais importante, terá sua primeira fase
pronta só no final de 2013.
A reformulação do espaço,
mesmo que seja necessária, reflete a "falta de planejamento"
e será paliativa, diz o arquiteto
Sérgio Parada, que projetou o
aeroporto de Brasília.
"Deixam de vislumbrar a demanda futura. Podem até dar
mais conforto e segurança ao
passageiro, mas as obras [necessárias] não saem. Fazem tudo sem projeto e depois vão
adaptando", diz Parada.
Ao colocar mais gente espremida entre filas, a Infraero vai,
na verdade, reduzir o conforto,
diz o psicólogo José Roberto
Leite, da Unidade de Medicina
Comportamental da Unifesp.
"Haverá o que acontece no
reino animal. Em locais confinados, as pessoas reagem, sentem o espaço restrito. E muita
gente já chega com o estresse
do medo de voar."
A Gol também já entregou o
espaço de convivência e salas
que costumavam ser usadas para treinar funcionários.
Espaço apertado
A retirada de lojas e espaços
restritos e a reorganização
agradaram o passageiro Júlio
Berardo, 45, administrador,
mas ele acha que a reforma já
deveria ter sido feita. "Com certeza isso está acontecendo só
por causa da Copa do Mundo
[2014] e das Olimpíadas [2016].
Se o Brasil não fosse sede desses
jogos, não aconteceria nada."
Há passageiros que temem
ficar mais tempo em filas.
"Sempre que saio do Brasil enfrento essa fila num espaço
apertado. A mudança será bem
vinda, desde que não nos deixem muito tempo parados na
fila", disse o empresário português Pedro Andrade, 52.
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