São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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Reforma em Cumbica prevê fila de 685 m

Reorganização do sistema de embarque vai reduzir áreas livres e eliminar sala VIP da TAM, espaço para mesas e cadeiras e lojas

Projeto deve estar concluído até o fim do ano, diz Infraero; novo terminal, obra tida como mais importante, terá 1ª fase pronta só no fim de 2013

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Superlotado e com gargalos nos horários de pico, Cumbica, o principal aeroporto do país, vai passar por reformas que vão reduzir áreas livres, eliminar uma sala VIP e espaços de mesas e cadeiras e lojas para dar lugar a uma reorganização do sistema de embarque.
O projeto da Infraero para o aeroporto em Guarulhos, na Grande SP, cria uma rede de filas que podem chegar a 685 m, a maior delas, no terminal 2, que ainda terá novos aparelhos de raio-X e detectores de metal.
No terminal 1, a TAM fechará sua sala VIP no dia 26 para abrir espaço para reformas e novos equipamentos. A sala de embarque do lado esquerdo também perderá espaço. As obras começam em um mês e devem acabar até o fim do ano.
É uma tentativa da Infraero de amenizar o caos que existe pela manhã e no início da noite em Cumbica, que registrou salto de 50% no número de passageiros nos últimos três anos -sem nenhuma ampliação.
A Infraero diz que a mudança irá "aprimorar o espaço físico e proporcionar maior fluidez nas áreas de circulação", o que vai "ampliar o grau de conforto, com melhoria na organização das filas". O terceiro terminal, considerada a obra mais importante, terá sua primeira fase pronta só no final de 2013.
A reformulação do espaço, mesmo que seja necessária, reflete a "falta de planejamento" e será paliativa, diz o arquiteto Sérgio Parada, que projetou o aeroporto de Brasília.
"Deixam de vislumbrar a demanda futura. Podem até dar mais conforto e segurança ao passageiro, mas as obras [necessárias] não saem. Fazem tudo sem projeto e depois vão adaptando", diz Parada.
Ao colocar mais gente espremida entre filas, a Infraero vai, na verdade, reduzir o conforto, diz o psicólogo José Roberto Leite, da Unidade de Medicina Comportamental da Unifesp.
"Haverá o que acontece no reino animal. Em locais confinados, as pessoas reagem, sentem o espaço restrito. E muita gente já chega com o estresse do medo de voar."
A Gol também já entregou o espaço de convivência e salas que costumavam ser usadas para treinar funcionários.

Espaço apertado
A retirada de lojas e espaços restritos e a reorganização agradaram o passageiro Júlio Berardo, 45, administrador, mas ele acha que a reforma já deveria ter sido feita. "Com certeza isso está acontecendo só por causa da Copa do Mundo [2014] e das Olimpíadas [2016]. Se o Brasil não fosse sede desses jogos, não aconteceria nada."
Há passageiros que temem ficar mais tempo em filas. "Sempre que saio do Brasil enfrento essa fila num espaço apertado. A mudança será bem vinda, desde que não nos deixem muito tempo parados na fila", disse o empresário português Pedro Andrade, 52.


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