São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2011

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Investigação motiva greve, diz prefeitura

Superintendente do Serviço Funerário afirma que paralisação acontece durante suspeitas de corrupção no setor

Roberto Tamura diz que faz pente-fino no setor; sindicato defende greve e afirma desconhecer fraudes dos servidores


DE SÃO PAULO

A greve dos funcionários do Serviço Funerário ocorre no mesmo momento em que os contratos de obras e serviços do órgão estão passando por um "pente-fino".
Há indícios de irregularidades em várias áreas, inclusive com sindicâncias instauradas e servidores correndo o risco de serem demitidos. O sindicato da categoria disse não ter conhecimento.
"Eu acho que essas pessoas [envolvidas nas irregularidades] estão ajudando a incentivar a paralisação", disse Roberto Tamura, superintendente do órgão.
Ele apontou a reforma de uma agência do serviço em Itaquera como exemplo de irregularidade. "Estava orçado em R$ 80 mil. Depois caiu para R$ 50 mil. Eu fui lá ver, não valia R$ 10 mil. Abrimos sindicância", disse.
Irene Batista de Paula, presidente do sindicato dos servidores, diz que a greve foi uma decisão dos trabalhadores para obter reajuste salarial. Ela disse desconhecer casos de corrupção.
Segundo Tamura, oito pessoas já foram afastadas de suas funções. "Quando não tiramos [da função], colamos uma pessoa nossa do lado. É aquela história: onde tem rato, a gente põe gato."
Tamura disse ainda ter indícios de que funcionários do órgão indicam serviços particulares -como floricultura e maquiagem dos corpos- para receber comissão.
As práticas são irregulares, pois o serviço funerário detém o monopólio da função, desde o traslado de corpos e venda de caixões e flores até o aluguel de equipamentos para os velórios.
Outra ilegalidade é na atuação dos chamados "papa-defuntos", pessoas que ficam nas portas de hospitais e do IML (Instituto Médico Legal) oferecendo serviços de funerárias de outras cidades.
A Folha flagrou um desses casos em frente ao Hospital das Clínicas. Uma funcionária ofereceu o serviço de um cemitério em Guarulhos. O enterro teria de ser feito lá, porque em São Paulo o traslado só pode ser feito pelo serviço funerário.
Tamura afirmou que está conversando com a direção do IML para tentar coibir a ação dos "papa-defuntos".
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) criticou a greve. "Não tem sentido uma administração tolerar uma situação de greve num setor como esse. Eu diria que é inadmissível."
(EVANDRO SPINELLI, VANESSA CORREA E RICARDO GALLO)


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