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Prédio do antigo Hotel São Paulo será desapropriado para abrigar sem-teto
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeitura anunciou ontem, por decreto no "Diário Oficial", a
desapropriação do Hotel São Paulo, na região da Praça da Bandeira
(centro). O objetivo é transformá-lo em moradia popular. Antigo
hotel de luxo, o edifício é considerado um símbolo dos movimentos de sem-teto do centro.
A razão é a morte de uma criança em novembro de 1999, durante
a invasão do imóvel, promovida
por 224 famílias associadas ao Fórum dos Cortiços. Alam Michel
Souza Oliveira, 9, morreu afogado
na caixa d'água do prédio, durante uma brincadeira de "pega-pega" com outra criança do grupo.
A líder do Fórum, Veronika
Kroll, acompanhou a negociação
com os proprietários do antigo
Hotel São Paulo desde que o prédio foi desocupado, naquele ano.
"Carrego isso até hoje. Virou uma
questão de honra para nós", disse.
Segundo o secretário da Habitação, Paulo Teixeira, a prefeitura
desapropriará o prédio por R$ 3,1
milhões, valor negociado com os
proprietários, com quem conversam há um ano. Desse valor será
abatida uma dívida de R$ 500 mil
de Imposto Predial e Territorial
Urbano (IPTU).
O imóvel estava fechado havia
cerca de 14 anos. "A reforma será
um passo importante também na
revitalização do centro da cidade", afirma Teixeira.
Após a desapropriação, a prefeitura ficará com a parte térrea do
antigo hotel e venderá o restante à
Caixa Econômica Federal. O prédio tem 22 andares.
Em parceria com o Fórum, o
banco cuidará do financiamento
da reforma e adaptação do imóvel
para receber 160 apartamentos,
de um e dois dormitórios, que serão destinados aos sem-teto.
No térreo do edifício, a prefeitura construirá um posto de saúde e
uma creche, que servirão não apenas aos moradores mas também
aos projetos sociais da administração municipal.
A Caixa financiará a venda das
unidades pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR).
Por meio desse programa, o mutuário -ou arrendatário- paga
uma espécie de aluguel, que gira
em torno de R$ 150 mensais. Passados 15 anos de pagamento regular, ele se torna proprietário do imóvel.
Segundo Veronika, os associados do Fórum estudam batizar algum setor do prédio com o nome de Alam. "Vamos negociar com a prefeitura. A creche seria o ideal."
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