São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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Prédio do antigo Hotel São Paulo será desapropriado para abrigar sem-teto

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeitura anunciou ontem, por decreto no "Diário Oficial", a desapropriação do Hotel São Paulo, na região da Praça da Bandeira (centro). O objetivo é transformá-lo em moradia popular. Antigo hotel de luxo, o edifício é considerado um símbolo dos movimentos de sem-teto do centro.
A razão é a morte de uma criança em novembro de 1999, durante a invasão do imóvel, promovida por 224 famílias associadas ao Fórum dos Cortiços. Alam Michel Souza Oliveira, 9, morreu afogado na caixa d'água do prédio, durante uma brincadeira de "pega-pega" com outra criança do grupo.
A líder do Fórum, Veronika Kroll, acompanhou a negociação com os proprietários do antigo Hotel São Paulo desde que o prédio foi desocupado, naquele ano. "Carrego isso até hoje. Virou uma questão de honra para nós", disse.
Segundo o secretário da Habitação, Paulo Teixeira, a prefeitura desapropriará o prédio por R$ 3,1 milhões, valor negociado com os proprietários, com quem conversam há um ano. Desse valor será abatida uma dívida de R$ 500 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
O imóvel estava fechado havia cerca de 14 anos. "A reforma será um passo importante também na revitalização do centro da cidade", afirma Teixeira.
Após a desapropriação, a prefeitura ficará com a parte térrea do antigo hotel e venderá o restante à Caixa Econômica Federal. O prédio tem 22 andares.
Em parceria com o Fórum, o banco cuidará do financiamento da reforma e adaptação do imóvel para receber 160 apartamentos, de um e dois dormitórios, que serão destinados aos sem-teto.
No térreo do edifício, a prefeitura construirá um posto de saúde e uma creche, que servirão não apenas aos moradores mas também aos projetos sociais da administração municipal.
A Caixa financiará a venda das unidades pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Por meio desse programa, o mutuário -ou arrendatário- paga uma espécie de aluguel, que gira em torno de R$ 150 mensais. Passados 15 anos de pagamento regular, ele se torna proprietário do imóvel.
Segundo Veronika, os associados do Fórum estudam batizar algum setor do prédio com o nome de Alam. "Vamos negociar com a prefeitura. A creche seria o ideal."


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