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RELIGIÃO
Evento na Câmara debaterá aborto e homossexualismo
"Católicas dissidentes" completam dez anos de atividades no Brasil
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Elas são católicas, feministas e
não pretendem deixar a igreja.
Com a mesma decisão, também
não pretendem respeitar posições
do Vaticano que "humilham" as
mulheres nem seguir "dogmas
que contrariam a dignidade de
homens e mulheres".
Elas são as Católicas pelo Direito de Decidir, ONG que está completando dez anos no Brasil e 30
nos EUA e que atualmente tem
grupos em dezenas de países.
"Somos milhões, porque todas
as católicas que agem segundo
sua consciência, mesmo contrariando o Vaticano, são católicas
pelo direito de decidir", diz Maria
José Rosado, 58, socióloga e presidente da ONG no Brasil.
Elas reivindicam o direito de serem ordenadas, defendem um segundo casamento na igreja, são
contrárias ao celibato obrigatório
para os padres, atribuem à mulher o direito de decidir sobre o
aborto e a contracepção e defendem os direitos civis de casais homossexuais, união condenada na
última carta do Vaticano.
A ex-freira Frances Kissling,
presidente da ONG nos EUA, diz
que "as decisões da igreja são tomadas por homens que não levam uma vida sexual normal, por
isso nada sabem de sexualidade".
Kissling diz que, ao autorizar o
casamento dos padres, a igreja terá de permitir o controle da natalidade, e os sacerdotes terão de
ouvir suas mulheres.
Estima-se que ocorram 6.000
mortes por ano na América Latina em decorrência de abortos
clandestinos.
Novo concílio
As integrantes da ONG são favoráveis a um movimento mundial que vem crescendo pela realização de um Concílio Vaticano 3º,
onde a questão da mulher estará
no centro dos debates.
Elas não acreditam que algo
possa mudar na igreja enquanto o
papa João Paulo estiver à frente
do Vaticano.
Mas por que ficar numa igreja
"que não as dignifica" e as vê como "cidadãs de segunda categoria"? "Há um conservadorismo
muito forte na igreja, mas abandoná-la não é a melhor política",
diz a teóloga Ivone Gebara. "O
primeiro passo é valorizar a mulher, sua auto-estima, para então
promover mudanças."
Segundo Rosado, o objetivo "é
recolher da igreja aquilo que na
sua tradição pode confortar as
mulheres e dar poder a elas". A religião, na sua tradição bíblica, dá
muita força à mulher, apesar de
seu lado "perverso".
Essas questões serão debatidas
às 19h30 de hoje, na Câmara Municipal de São Paulo, com a participação de Maria Rosado, Ivone
Gebara, a teóloga lésbica americana Mary Hunt, Frances Kissling e
Fátima Pacheco Jordão.
Procurada, a Cúria Metropolitana disse não ter informações sobre essas mulheres.
Debate público na Câmara Municipal de
SP; tel. 0/xx/11/3107-9038, site www.catolicasonline.org.br
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