São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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No país, 2ª onda da gripe deve vir em abril

Passados o inverno e o pico pandêmico, a tendência no Sul e no Sudeste é de redução gradual no número de novos casos

Alerta da OMS é para países que terão temperatura mais baixa nos próximos meses; no Brasil, situação pode se agravar no outono de 2010


Silva Junior/Folha Imagem
Pacientes usam máscaras ao aguardar atendimento em pronto-socorro de Ribeirão Preto (SP)

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O alerta da OMS é endereçado primordialmente para o público do hemisfério Norte. Ali, a estação gripal começa dentro de mais ou menos dois meses, e as autoridades sanitárias precisam não só preparar-se para um importante aumento da demanda por serviços hospitalares como também definir o quanto antes quais grupos terão prioridade na vacinação.
No Brasil, a situação é um pouco diferente. Passados o inverno e o pico pandêmico, a tendência -válida para os Estados do Sul e do Sudeste- é de redução paulatina no número de novos casos. A julgar pelo que ocorreu no verão boreal, nos próximos meses o novo vírus circulará por aqui num padrão mais intenso que o das cepas sazonais, mas nada tão dramático como a situação a que assistimos nas últimas semanas, quando os hospitais das regiões mais afetadas chegaram bem perto de seu limite. É só a partir de meados de abril ou maio de 2010 que devemos temer o provável recrudescimento da epidemia.
Isso nos dá tempo de preparar-nos para enfrentar a segunda onda de modo mais eficiente do que encaramos a primeira. A principal arma deverá ser a vacinação, cuja estreia no hemisfério Norte teremos ocasião de observar antes de tomar as decisões mais graves.
Nos países acima da linha do Equador, o ideal seria que as vacinas fossem ministradas até o meio de outubro, mas isso dificilmente ocorrerá. A droga, que é nova, ainda está em fase de testes, e apenas parte dos lotes ficará pronta nesse prazo. A maior parte da produção deverá chegar aos postos em novembro e dezembro.
Para agravar um pouco mais o quadro, ainda não foi estabelecido se serão necessárias uma ou duas doses da vacina para atingir os níveis ótimos de imunização. Isso significa que as autoridades terão de definir os grupos prioritários sem saber exatamente quantos tratamentos terão a seu dispor.

Idosos
Há outras incógnitas relevantes. Embora o novo H1N1 tenha como característica a capacidade de matar adultos jovens até então saudáveis, é provavelmente cedo para considerar os idosos como grupo sob menor risco. Por ora, estamos contabilizando só um tipo específico de óbito -por quadros respiratórios agudos- e que representa apenas a menor parte das mortes atribuíveis à gripe.
É provável que idosos sigam como alvos preferenciais de outras moléstias desencadeadas pela nova influenza, como pneumonias bacterianas e eventos cardíacos, que podem manifestar-se apenas semanas após o episódio gripal.
Uma avaliação precisa do risco a que estão submetidos os idosos só será possível depois que algum país com bom sistema de vigilância exibir os dados consolidados de mortalidade, e os epidemiologistas colocarem suas ferramentas estatísticas para estimar os óbitos atribuíveis à nova gripe. Só então teremos subsídios para afirmar com algum rigor científico quais as populações mais vulneráveis ao H1N1.


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