São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RIO

Soldados que procuravam acusados de expulsar da Rocinha um distribuidor do produto foram atacados com bomba caseira

Gás faz PM e tráfico entrarem em conflito

DA SUCURSAL DO RIO

Traficantes da favela da Rocinha (São Conrado, zona sul do Rio) atiraram na manhã de ontem uma bomba de fabricação caseira em policiais militares do 23º Batalhão (Leblon). Não houve feridos.
Os PMs faziam uma operação na comunidade para tentar capturar os traficantes acusados de terem expulsado, no último final de semana, o comerciante Gonçalo Waldemar Evangelista, 47, que era responsável pela distribuição de gás na favela. Os policiais também foram atacados a tiros e fogos de artifício quando protegiam o depósito de gás de Evangelista.
Na operação, foram apreendidos um caminhão de gás que, segundo Evangelista, está sendo usado pelos traficantes para vender o produto. Quatro depósitos irregulares de gás foram fechados.
Há 16 anos controlando a venda de gás na Rocinha, Evangelista foi atacado no último sábado por traficantes, que saquearam vários botijões de gás que ele mantinha em seu depósito, na localidade conhecida como Boiadeiro.
O objetivo dos criminosos, segundo o comerciante, é controlar a venda de gás na favela. Desde o ataque, o preço do botijão na favela é R$ 37, segundo Evangelista (o preço normal é R$ 29).
O comerciante afirmou que, desde abril, estava impedido de entrar na Rocinha, onde o tráfico passou a ser comandado pela facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos). Ele disse que traficantes o proibiram de circular pela favela sob alegação de que ele teria financiado a invasão à comunidade por criminosos ligados ao CV (Comando Vermelho) durante a Semana Santa. O comerciante nega o envolvimento, que está sendo apurado pela polícia.
"Ele [Evangelista] não pode invocar a seu favor uma inocência que seus antecedentes não o habilitam a ter", disse o chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins.


Texto Anterior: País tem 20 mil áreas de risco
Próximo Texto: Morador de morro paga ágio de até R$ 11 por botijão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.