São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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Morador de morro paga ágio de até R$ 11 por botijão

DA SUCURSAL DO RIO

Moradores de favelas do Rio estão sendo obrigados por traficantes de drogas a pagar até R$ 40 pelo botijão de gás, quando o preço normal do produto é R$ 29.
Segundo relatório do Serviço do Disque-Denúncia, cujas informações são remetidas à Secretaria Estadual de Segurança Pública, os traficantes, independentemente da facção, passaram a controlar a venda de gás nas favelas.
Há informações de que traficantes, principalmente os da Rocinha (São Conrado, zona sul), estariam controlando também a distribuição de água.
São dois os tipos de esquema. Em um deles, os traficantes "acertam" com uma distribuidora de gás e proíbem as outras de entrarem nas comunidades carentes.
A empresa escolhida é obrigada a pagar um ágio aos traficantes por botijão vendido. No caso do morro do Vidigal (zona sul) e na favela do Batan (oeste), por exemplo, o ágio pode chegar a R$ 11, o que eleva o preço a R$ 40, segundo analistas do Disque-Denúncia.
O outro esquema é atacar caminhões de gás nas ruas e vender os botijões em favelas. Neste caso, o preço é praticamente o mesmo ou bem próximo do oficial.
É o que aconteceria, por exemplo, na favela do Muquiço (Deodoro, zona oeste), onde os traficantes roubam caminhões de gás e vendem o produto a R$ 30.

Monopólio
Além de controlar as distribuidoras, os traficantes não permitem que pessoas da comunidade comprem gás fora da favela. Quem não respeita a ordem pode ser morto ou é obrigado a deixar a comunidade.
Neste ano, a polícia desarticulou esquemas de distribuição de gás controlado por traficantes.
Em julho, foi capturado Valério Santos Pinheiro, 42, que era proprietário de um depósito de gás que controlava a venda do produto em 12 favelas, entre elas o Jacarezinho (zona norte).


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