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Unimed Paulistana sofre intervenção
Representantes da agência do setor vão fiscalizar a operadora sob alegação de problemas financeiros, negados pela empresa
Operadora afirma que os
R$ 700 mi de passivo fiscal referem-se a divergência sobre o imposto a ser pago
e já recorreu à Justiça
DA REPORTAGEM LOCAL
A Unimed Paulistana está
sob intervenção fiscal da ANS
(Agência Nacional de Saúde Suplementar) em razão de problemas econômico-financeiros
apontados pela agência e que
colocariam em risco o atendimento aos usuários do plano.
A operadora tem 1,3 milhão
de beneficiários, sendo 800 mil
na Grande SP e o restante, afiliados a outras unidades da
Unimed do país que vêm em
busca de tratamentos.
A intervenção não representa um impacto imediato para os
usuários. Ela determina que representantes da ANS fiquem na
empresa fiscalizando seu funcionamento. A Unimed Paulistana já acionou ontem a Justiça
contra a decisão.
Segundo a agência, a medida
foi tomada "considerando as
anormalidades econômico-financeiras e administrativas
graves". O gerente-geral de
acompanhamento das operadores e mercado da ANS, Fábio
Fonseca, dá números para explicar a situação da empresa.
"Nos primeiros seis meses
deste ano, a Unimed Paulistana
teve um prejuízo de R$ 23 milhões", afirma. No final do ano
passado, o passivo fiscal era de
cerca de R$ 700 milhões, de
acordo com Fonseca.
O valor corresponde basicamente à dívidas de ISS (imposto sobre a prestação) e contribuições como PIS e Cofins.
O gerente-geral afirma ainda
que a operadora deveria ter entregue no início deste ano um
plano de recuperação com medidas a serem tomadas. Isso,
contudo, não ocorreu, explica.
Fonseca afirma ainda acreditar que a Unimed irá recuperar-se e que se trata de um quadro bem menos grave que o da
Avimed, operadora que também ficou sob intervenção da
ANS e acabou falindo e tendo
sua carteira de usuários vendida a outras empresas.
A ANS realiza atualmente 80
processos de direção fiscal em
diferentes operadoras.
Outro lado
Carlos Rangel, porta-voz da
Unimed Paulistana, afirma que
a empresa está bem economicamente, não está endividada, e
que os valores de passivo fiscal
referem-se a uma divergência
quanto ao imposto a ser pago.
"A lei do cooperativismo é
antiga, de 1971, e determina que
o cooperativismo médico tem
isenções. Se o médico já paga o
ISS para a prefeitura para poder atuar, por que esse imposto
tem que ser pago novamente
quando ele atua por uma cooperativa?", questiona o médico.
De acordo com ele, o setor
paga uma parcela reduzida de
impostos baseada nas despesas
administrativas -excluindo o
custo com os médicos. Isso explica o passivo de R$ 700 milhões, diz Rangel.
Ele afirma, porém, que não
obrigatoriamente esse valor terá de ser pago, pois em diversas
cidades já houve decisões judiciais referentes ao ISS referendando o cálculo da cooperativa.
Rangel diz ainda que a operadora apresentou um plano de
recuperação à ANS e que não
sabe por que ele não foi aceito.
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