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Estudante é atacado com taco de beisebol em livraria
Henrique Pereira, 21, folheava livro quando foi golpeado; ele teve traumatismo craniano
Detido, homem disse não saber o motivo da agressão; segundo sua mãe, ele tem histórico de problemas psiquiátricos e internações
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante Henrique Carvalho Pereira, 21, estava agachado em um corredor de estantes na loja de artes da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na avenida Paulista.
Tinha a atenção focada em
um livro, que folheava já havia
alguns minutos. Nem percebeu
a aproximação, por trás, de
Alessandre Fernando Aleixo,
38, que calmamente retirou da
mochila azul e preta um taco de
beisebol também de cor azul,
em que estava escrito "home
run" -nome que se dá à rebatida do beisebol que faz a fama
dos maiores jogadores do esporte. Eram 14h10 de ontem.
Foi um só golpe na cabeça do
estudante. Traumatismo craniano. Estado gravíssimo.
O circuito interno da loja registrou toda a cena. Vítima e
agressor não chegaram nem sequer a conversar. Aparentemente, segundo a polícia, não
se conheciam. Aleixo atacou
Pereira como poderia ter atacado qualquer pessoa. No balcão
de atendimento, ficou a mancha de sangue -a loja, que continuou funcionando, apenas
colocou um tapume para bloquear olhares curiosos.
Com o estudante jogado no
chão, Aleixo saiu andando. O
taco de beisebol, em que também estava escrito à mão "50%
helicóptero" e "1ª Ré Visão Arigatô", ele guardou na mochila.
E tirou dela um facão de 50
centímetros (só de lâmina).
Eram 14h15 quando topou
com policiais. O PM pediu que
ele largasse o facão. Aleixo largou, mas fez menção de buscar
o taco na mochila. O PM o proibiu e mandou que ele se ajoelhasse. Foi atendido.
Levou-se o rapaz atacado para o Hospital das Clínicas, onde
passou por cirurgia. A Folha
apurou que o estado dele era
gravíssimo.
Essa não foi a primeira vez
que Aleixo atacou na livraria.
Funcionários do local já o conheciam. No início do ano passado, ele espatifou uma vitrine
no mesmo setor de Artes. Na
época, Pedro Herz, proprietário da Cultura, comentou: "Ele
não falava coisa com coisa.
Acho que era alguém doente,
completamente confuso. Nos
Estados Unidos, eles saem metralhando. Aqui, felizmente,
ninguém se machucou".
A mãe de Aleixo conversou
com a reportagem da Folha às
17h, quando foi informada do
ocorrido. Chorando muito, ela
disse que o filho tem um histórico de problemas psiquiátricos e internações.
"Ele fala sozinho, fica fora de
si, tem obsessão pelo [corredor
de F-1] Ayrton Senna. Vive à
base de medicamentos", afirmou. Segundo a mãe do agressor, o filho estudou engenharia
elétrica no Mackenzie: "Fez até
o terceiro ano, mas não concluiu. Acabou se formando em
educação física".
Ontem, ao ser preso, Aleixo
vestia bermudas e camiseta de
salva-vidas. Um investigador
que testemunhou a conversa
dele com o delegado disse sobre o homem: "Ele é 13. É 13 vezes 13". Na gíria, "13" designa
"doidão", "biruta". Perguntou-se a Aleixo o porquê do ataque.
"Não sei", ele disse, e completou: "Leio muito Platão e a Bíblia Sagrada".
A mãe de Aleixo, que vive na
capital paulista, não sabia que
ele estava por perto. Há um
mês e meio, ele foi morar em
Itapetininga (170 km de São
Paulo) com a avó e os parentes
por parte de pai, já morto. Na
mochila, os policiais encontraram uma passagem de ônibus
de volta para o interior.
Aleixo, que já havia trabalhado no Hotel Rennaissance e no
Sesc Pinheiros, agora fazia bico
no restaurante de um primo,
em Itapetininga. Ontem, ele foi
indiciado sob acusação de tentativa de homicídio. A mãe dele
quer ir visitar o estudante, para
pedir desculpa.
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