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Só 9% nunca foram a um shopping; desses, a maioria tem mais
de 40 anos, frequentou pouco a escola e mora na periferia
Medo e falta de opção levam a shopping
da Reportagem Local
Na cidade mais populosa do
"país do futebol", 57% da população com 16 anos ou mais nunca
pôs os pés em um estádio, mas
90% de seus moradores já estiveram em um shopping. É o que
mostra a pesquisa Datafolha sobre a identidade de São Paulo.
A comparação pode parecer
descabida, já que 75% das mulheres (cerca de metade da população) nunca foram a um jogo de
futebol. Mas, mesmo comparando-se apenas os homens, o shopping ganha de goleada: 89% deles
já estiveram em um desses centros comerciais, contra 37% que
jamais entraram num estádio.
Além de ser uma das principais
alternativas de lazer do paulistano, o ato de ir ao shopping foi, entre os pesquisados pelo Datafolha,
o menos afetado pelo medo da
violência e pela crise econômica.
Talvez tenha até se beneficiado.
Mais pessoas (26%) dizem que
passaram a frequentar os shoppings com mais assiduidade nos
últimos anos do que o contrário
(21%). Outros 43% responderam
que a frequência não mudou.
Apenas 9% afirmaram que jamais foram a um shopping. Desses, a maioria tem mais de 40
anos, frequentou pouco a escola,
tem renda familiar inferior a 10
salários mínimos e mora na periferia. Ou seja: nunca foi por causa
da exclusão social.
Assistir a uma partida de futebol no estádio, ir ao cinema e frequentar bares e restaurantes
não só são atividades menos
comuns na rotina do paulistano do que ir ao shopping
center como, segundo a pesquisa, vêm perdendo
adeptos.
No caso do cinema, por
exemplo, 34% dos entrevistados afirmaram ter diminuído a
frequência com que vão às
salas nos últimos anos, contra 8% que disseram ter aumentado. Além disso, 33%
não mudaram o hábito, e 23%
nunca foram.
Para bares e restaurantes, a relação é de 16% que dizem estar frequentando mais, contra 30% que
dizem estar frequentando menos
(17% nunca foram). Para os estádios, a proporção é de 6% a 17%,
respectivamente.
Filas no futebol
No caso do futebol, a principal
causa da diminuição da frequência é a falta de segurança. Mas não
a única: 22% dos que têm ido menos ao estádio dizem que as filas
têm grande influência -um percentual maior do que para os cinemas, bares e restaurantes.
Em uma cidade onde a violência
é um dos maiores medos da população, é compreensível que um
ambiente isolado e que ostenta
uma força de segurança particular, como o shopping, se torne cada vez mais popular: 63% vão ao
menos uma vez por mês (dos
quais um terço dos entrevistados
vai toda semana).
Mas a pesquisa Datafolha mostra que nem o shopping passa incólume pelo medo da violência:
41% dos que diminuíram sua frequência a esses centros dizem que
a insegurança foi um fator fundamental. Mais pessoas, porém, disseram que deixaram de ir por
causa da falta de dinheiro: 66%.
Apesar de tudo, ir ao shopping é
mais uma alternativa à carência
de opções de lazer do que de preferência.
(JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)
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