São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


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Paulistano torce para o Corinthians, come arroz com feijão, ouve sertanejo e frequenta shopping center na falta de parques
Morador da cidade tem todas as caras

da Reportagem Local

O Datafolha confirma o que um simples passeio pelos bairros paulistanos evidencia: a cidade não tem só uma face, mas muitas. Como diz uma antiga música do Premeditando o Breque, da "japonesa loura" à "nordestina moura", todas têm a cara de São Paulo.
Mas se é para traçar um perfil do tipo mais frequente entre os moradores da cidade, a pesquisa Datafolha dá boas pistas.
Ele nasceu em São Paulo, mas seus pais não. Torce pelo Corinthians, come arroz com feijão todo dia (e não troca por outra comida). Para se divertir, vai ao shopping center, mas preferiria passear no parque. Em casa, gosta de ouvir música sertaneja.
Ainda acredita que "São Paulo é a locomotiva do Brasil". Mas na hora de escolher um símbolo para a cidade não chega a uma conclusão entre a avenida Paulista e o parque Ibirapuera.
Dentro todos os aspectos pesquisados pelo Datafolha -da preferência política aos gostos musicais-, o ponto em que os paulistanos mais concordam está na alimentação: 72% dizem que o arroz com feijão é o que comem com mais frequência.
Até aí, sem novidade. Porém 39% afirmam que o arroz com feijão é também a sua comida predileta. Em segundo lugar, com menos da metade dos votos, aparece o macarrão (16%). Reforçando a porção "Terra Nostra" do paulistano, a lasanha vem em seguida, com 15% das preferências.
A pesquisa mostra que a típica feijoada (em quarto lugar, com 6%) e a onipresente pizza (só 2% dos votos) têm sua importância superestimada.
No futebol, a maior parte é de corintianos: 35%, em porções iguais de homens e mulheres. E o grupo tende a aumentar, já esse percentual sobe para 44% entre os jovens de 16 a 25 anos.
Em segundo lugar, num empate técnico, aparecem são-paulinos e palmeirenses, com 19% e 16%, respectivamente. Os santistas são apenas 5%. Uma fatia equivalente a 20% dos paulistanos não torce por nenhum time.
Quando chega a hora de escolher qual música ouvir no rádio o dissenso aumenta. Liderados pelos mais velhos, 21% querem uma canção sertaneja. Do outro, puxado pelos jovens, um grupo de 17% prefere um pagode.
Os mais ricos e com nível superior se destacam na turma dos 13% que defendem a MPB, enquanto a moçada de até 25 anos é a maioria entre os que querem ouvir rock (9%) ou rap (3%).
Tão difícil quanto chegar a um acordo quanto à música é escolher um lugar que faça o papel que o Cristo Redentor tem no Rio de Janeiro ou que a Estátua da Liberdade tem em Nova York.
Para 21%, o maior símbolo paulistano é a avenida Paulista. É a predileta dos mais ricos e escolarizados. Num empate técnico, 19% votam no parque Ibirapuera. A praça da Sé fica em terceiro, com 8% das citações.
Cerca de metade dos moradores da cidade diz que nasceu em São Paulo. Mas a grande maioria de seus antepassados veio de outros lugares -como o interior do Estado, Bahia, ou Minas Gerais. Só 15% dos pais e 16% das mães nasceram na cidade. (JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO)

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