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Comunidade nordestina vai à zona sul
da Reportagem Local
Mercados que vendem rapadura, jabá, buchada de
bode e chapéu de couro. Bares e discotecas com forró na
caixa de som. Homens vestidos com camisetas do Bahia,
Fortaleza e do Sport Recife
andando pelas ruas.
Não é uma cidade do Nordeste, mas é quase. Uma volta pelo bairro do Grajaú (zona sul) revela uma paisagem
muito semelhante à da região. O Grajaú é o bairro
com maior concentração de
nordestinos na capital paulista. Entre 91 e 96, a região
recebeu 12.632 nordestinos.
A maior explicação para a
grande concentração de
nordestinos na região é a rede de solidariedade existente
entre os moradores. O comerciante Marinaldo José
da Silva, 47, pernambucano
de Caruaru, está há dez anos
no Grajaú. Em 1990, abriu
um mercado.
Desde então, ajudou a aumentar a presença nordestina no bairro. "Sempre que
preciso de um funcionário,
ligo para um parente ou conhecido em Caruaru. Prefiro
trabalhar com gente conhecida e ainda dou uma chance
de emprego para os amigos", explicou.
Dos 20 funcionários do
mercado, 18 são de Caruaru.
Além do sotaque e dos produtos na prateleira, é fácil
perceber a presença nordestina pela decoração: o mercado é inteiro pintado com
imagens nordestinas, como
cactos e cangaceiros.
A presença nordestina reflete a desigualdade social
brasileira. Assim como na
região, a qualidade de vida
no Grajaú é precária. Os problemas estruturais, aliados à
crise econômica, acabam
desiludindo os migrantes. Se
depender do desencanto dos
funcionários, a Casa do Norte Realce, especializada em
comida nordestina, deve fechar as portas em breve.
"Vou embora em fevereiro. Cansei daqui, é muita pobreza, muita violência", desabafa João Cardoso, 42, o
gerente.
(OC)
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