São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


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Comunidade nordestina vai à zona sul

da Reportagem Local

Mercados que vendem rapadura, jabá, buchada de bode e chapéu de couro. Bares e discotecas com forró na caixa de som. Homens vestidos com camisetas do Bahia, Fortaleza e do Sport Recife andando pelas ruas.
Não é uma cidade do Nordeste, mas é quase. Uma volta pelo bairro do Grajaú (zona sul) revela uma paisagem muito semelhante à da região. O Grajaú é o bairro com maior concentração de nordestinos na capital paulista. Entre 91 e 96, a região recebeu 12.632 nordestinos.
A maior explicação para a grande concentração de nordestinos na região é a rede de solidariedade existente entre os moradores. O comerciante Marinaldo José da Silva, 47, pernambucano de Caruaru, está há dez anos no Grajaú. Em 1990, abriu um mercado.
Desde então, ajudou a aumentar a presença nordestina no bairro. "Sempre que preciso de um funcionário, ligo para um parente ou conhecido em Caruaru. Prefiro trabalhar com gente conhecida e ainda dou uma chance de emprego para os amigos", explicou.
Dos 20 funcionários do mercado, 18 são de Caruaru. Além do sotaque e dos produtos na prateleira, é fácil perceber a presença nordestina pela decoração: o mercado é inteiro pintado com imagens nordestinas, como cactos e cangaceiros.
A presença nordestina reflete a desigualdade social brasileira. Assim como na região, a qualidade de vida no Grajaú é precária. Os problemas estruturais, aliados à crise econômica, acabam desiludindo os migrantes. Se depender do desencanto dos funcionários, a Casa do Norte Realce, especializada em comida nordestina, deve fechar as portas em breve.
"Vou embora em fevereiro. Cansei daqui, é muita pobreza, muita violência", desabafa João Cardoso, 42, o gerente. (OC)


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