São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


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Maiores comunidades na cidade são de Portugal, Itália e Japão
Imigrantes legais representam 5% da população

da Reportagem Local

Pelo menos 5% da população da cidade de São Paulo é composta de imigrantes. Levantamento feito pela Polícia Federal aponta que há 520 mil pessoas nascidas em outros países residindo legalmente na cidade.
Os dados da Polícia Federal mostram que há na cidade de São Paulo 46 comunidades estrangeiras com mais de cem imigrantes.
O número, na verdade, pode ser bem maior devido à grande quantidade de imigrantes ilegais que vivem na capital. Segundo a PF, mesmo depois da anistia concedida no ano passado, há a estimativa de que entre 50 e 100 mil clandestinos vivam em São Paulo.
As maiores comunidades ilegais são as de coreanos e bolivianos, de acordo com a PF, que faz a estimativa baseada no número de clandestinos presos. O próprio consulado da Coréia do Sul admite que o número de coreanos na cidade deve ser três vezes maior do que os 17.575 legalizados.
Entre os imigrantes legalizados, a maior comunidade é a portuguesa. Pelos dados da PF, há no Estado 154.624 lusitanos, sendo que pelo menos 90% deles moram na capital. O Consulado de Portugal em São Paulo afirma que eles estão espalhados por todas as regiões da cidade.
"Onde você vê uma padaria ou um posto de gasolina, pode ter certeza que tem um português", exemplificou João Garcia, funcionário do consulado.
Uma grande concentração de portugueses habita os bairros da zona norte, como Santana, Casa Verde e Mandaqui, e da região central, como o Canindé, onde fica o estádio da Lusa e a Portuguesa de Desportos, maior reduto lusitano em São Paulo.
A demógrafa histórica Maria Luiza Marcílio, professora do Departamento de História da USP, explica que a maioria desses portugueses chegou antes da década de 60 e nunca se naturalizou, porque já tem os mesmos direitos do cidadão brasileiro. "A chegada de europeus depois da década de 60 é insignificante. Há muito mais brasileiros indo para a Europa do que europeus chegando ao Brasil", constatou.
A segunda maior concentração de estrangeiros é a japonesa, com 91 mil pessoas no Estado e cerca de 75 mil na capital. Diferentemente do que se imagina, a Liberdade não é o bairro com mais japoneses. A liderança fica com o Jardim da Saúde, bairro na zona sudeste, próximo à rodovia dos Imigrantes. "O japonês tem comércio na Liberdade, mas mora na Saúde e na Aclimação", explicou Yoshio Kita, morador do Jardim da Saúde.
Os italianos formam a terceira maior comunidade estrangeira no Brasil, com cerca de 50 mil pessoas. Eles também estão presentes em todas as regiões, mas os imigrantes mais antigos criaram raízes na Bela Vista (região central), bairro tomado por cantinas e pizzarias italianas.
Completando os cinco primeiros postos no ranking dos imigrantes, encontram-se espanhóis e chineses. Os primeiros, com 45 mil habitantes em São Paulo, têm características semelhantes aos portugueses: estão espalhados por vários bairros e chegaram a São Paulo antes da década de 60.
Já os chineses chegaram em grande parte após a segunda guerra. Continuam chegando até hoje, e, como os japoneses, têm comércio na região da Liberdade e moram em diversos bairros, como Aclimação e Cambuci.
(OTÁVIO CABRAL)


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