São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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Moradores do Alemão protestam por paz antes de Lula iniciar obras do PAC

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

"Presidente Lula, queremos o PAC, não guerra. Precisamos de paz." Esta é uma das faixas que a equipe precursora da Presidência da República viu ontem ao visitar o complexo do Alemão (zona norte do Rio), onde Lula deverá iniciar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento em 7 de março.
Outra dizia: "O Complexo do Alemão não é o Iraque. Queremos a paz e o PAC".
As faixas foram postas pela Associação de Moradores da Grota na entrada da favela, a mais atingida do complexo pelas ações policiais iniciadas em 2007 -em 27 de junho, na maior operação, 19 pessoas morreram. A Força Nacional permanece na comunidade.
A equipe foi à quadra da Canitá, no alto da Grota, mas saiu mais propensa a escolher como local da cerimônia o largo do Itararé, na entrada da favela. "O acesso é mais fácil e cabem mais pessoas. Mas não há problemas de segurança. O trabalho que estamos fazendo aqui faríamos também para um evento na av. Paulista", disse Fátima do Carmo, assessora da Secretaria-Geral da Presidência.
Ela e agentes de segurança também estiveram ontem na Rocinha (zona sul) e em Manguinhos (zona norte), as outras favelas do Rio em que estão previstas obras do PAC. Em ambas, Lula não deverá ir até o miolo. "Ainda não sabemos se o presidente terá espaço na agenda para ir às três favelas no dia 7." Lula estará no Rio dias 7 e 8 também para cerimônias dos 200 anos da chegada da família real.
Segundo o presidente da Associação de Moradores da Grota, Wagner Nicácio, desde a operação de junho passado não há conflitos na favela. Mesmo assim, lideranças comunitárias têm atuado junto ao governo do Estado e até a representantes do tráfico para garantir que as obras aconteçam em paz.
"Numa hora, a gente lê na imprensa que a Força Nacional vai invadir o Alemão. Depois, é a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Exército, a Marinha... Já estou com medo de vir o FBI. Esse clima é uma ameaça para nós. Parece que vivem 200 mil bandidos aqui", afirmou Nicácio.
O programa prevê obras de saneamento, urbanização, construção de escolas, postos de saúde, áreas de lazer e um teleférico.


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