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CRIME
Polícia descarta ligação do caso com a máfia da propina e diz que motivo do crime foi disputa de poder
Suspeitos da morte de camelô são presos
MARIANA VIVEIROS
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
A Polícia Civil prendeu na madrugada de ontem dois suspeitos
de terem participado do assassinato de Gilberto Monteiro da Silva, presidente da Associação dos
Camelôs Independentes de São
Paulo. Ele foi morto quinta-feira
passada, no largo do Pari (centro
da cidade).
O delegado Antonio Sucupira
Neto, chefe das investigações,
afirmou que o motivo do crime
foi uma disputa de poder na Associação dos Distribuidores de Coco
Verde de São Paulo, presidida por
Silva desde 1997.
A polícia descartou a hipótese
de o assassinato ter sido uma
"queima de arquivo" e também
eliminou qualquer ligação do ex-deputado Hanna Garib com o crime.
Gilberto Monteiro da Silva ficou
conhecido no ano passado ao denunciar um esquema de corrupção de fiscais da Regional da Sé,
que extorquiam dinheiro de camelôs do viaduto Santa Ifigênia
(centro). Suas denúncias contribuíram para a cassação do então
deputado estadual Hanna Garib
(expulso do PPB), que, segundo o
camelô, era o beneficiário das
propinas quando era vereador.
O promotor do 1º Tribunal do
Júri Márcio José Lauria Filho, designado para acompanhar as investigações, afirmou ontem que
os motivos do crime ainda não estão claros. Lauria Filho não descartou a possibilidade de "queima
de arquivo" ou uma possível ligação com a máfia da propina.
Foram presos ontem Francisco
Dianeido Alves Moura, 22, e Marcílio Pires de Souza, 22. Segundo a
polícia, ambos confessaram ter
atirado no ambulante e não têm
antecedentes criminais.
Três armas foram apreendidas,
mas ainda não foi feita uma perícia para provar que os projéteis
encontrados no local do crime foram disparados por elas.
A polícia afirma que mais três
homens, ainda foragidos, estão
envolvidos no crime. Entre eles
estaria o mandante, José Carlos
Paulino dos Santos, conhecido
como "Carlinhos". Ele era chefe
da segurança da Associação dos
Distribuidores de Coco Verde de
São Paulo e teria pago R$ 3.000
pela morte de Silva.
Nos nove meses em que o camelô esteve afastado da direção da
associação, Santos teria estabelecido um esquema próprio para
descarregamento dos caminhões
no largo do Pari. Segundo a polícia, isso beneficiava poucos sócios. Ao reassumir a presidência,
em janeiro, Silva teria imposto
um novo modelo, determinando
que cada associado só poderia parar um caminhão por vez no largo
do Pari. A polícia também vai investigar se o crime está relacionado com a existência de tráfico de
drogas no local.
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