São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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CRIME
Polícia descarta ligação do caso com a máfia da propina e diz que motivo do crime foi disputa de poder
Suspeitos da morte de camelô são presos

MARIANA VIVEIROS
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

A Polícia Civil prendeu na madrugada de ontem dois suspeitos de terem participado do assassinato de Gilberto Monteiro da Silva, presidente da Associação dos Camelôs Independentes de São Paulo. Ele foi morto quinta-feira passada, no largo do Pari (centro da cidade).
O delegado Antonio Sucupira Neto, chefe das investigações, afirmou que o motivo do crime foi uma disputa de poder na Associação dos Distribuidores de Coco Verde de São Paulo, presidida por Silva desde 1997.
A polícia descartou a hipótese de o assassinato ter sido uma "queima de arquivo" e também eliminou qualquer ligação do ex-deputado Hanna Garib com o crime.
Gilberto Monteiro da Silva ficou conhecido no ano passado ao denunciar um esquema de corrupção de fiscais da Regional da Sé, que extorquiam dinheiro de camelôs do viaduto Santa Ifigênia (centro). Suas denúncias contribuíram para a cassação do então deputado estadual Hanna Garib (expulso do PPB), que, segundo o camelô, era o beneficiário das propinas quando era vereador.
O promotor do 1º Tribunal do Júri Márcio José Lauria Filho, designado para acompanhar as investigações, afirmou ontem que os motivos do crime ainda não estão claros. Lauria Filho não descartou a possibilidade de "queima de arquivo" ou uma possível ligação com a máfia da propina.
Foram presos ontem Francisco Dianeido Alves Moura, 22, e Marcílio Pires de Souza, 22. Segundo a polícia, ambos confessaram ter atirado no ambulante e não têm antecedentes criminais.
Três armas foram apreendidas, mas ainda não foi feita uma perícia para provar que os projéteis encontrados no local do crime foram disparados por elas.
A polícia afirma que mais três homens, ainda foragidos, estão envolvidos no crime. Entre eles estaria o mandante, José Carlos Paulino dos Santos, conhecido como "Carlinhos". Ele era chefe da segurança da Associação dos Distribuidores de Coco Verde de São Paulo e teria pago R$ 3.000 pela morte de Silva.
Nos nove meses em que o camelô esteve afastado da direção da associação, Santos teria estabelecido um esquema próprio para descarregamento dos caminhões no largo do Pari. Segundo a polícia, isso beneficiava poucos sócios. Ao reassumir a presidência, em janeiro, Silva teria imposto um novo modelo, determinando que cada associado só poderia parar um caminhão por vez no largo do Pari. A polícia também vai investigar se o crime está relacionado com a existência de tráfico de drogas no local.


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