São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI DOS MEDICAMENTOS
Objetivo é analisar a documentação recebida da Receita e do BC
Deputados buscam ajuda técnica

VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

A pouco mais de 50 dias para terminar o prazo, já prorrogado, de seus trabalhos, a CPI dos Medicamentos decidiu convocar técnicos de órgãos governamentais e estuda a contratação de assessoria técnica privada para analisar os dados das quebras de sigilos bancário e fiscal dos 21 laboratórios acusados de formar cartel contra os genéricos.
O presidente da comissão, Nelson Marchezan (PSDB-RS), não tem o que fazer com as caixas de papel remetidas pela Receita Federal e pelo Banco Central. Ontem, numa reunião reservada, ele cogitou a contratação de consultoria privada. Marchezan disse que está "afinando" técnicos que requisitou nos órgãos do governo federal, como o Banco Central. Afirmou que não chamou especialistas antes porque "não tinha o que fazer". O sigilo fiscal foi quebrado no dia 8 de fevereiro.
"O Marchezan tem uma visão mais contemplativa do que investigativa da comissão porque, quatro meses depois da CPI funcionando, ele descobre que não tem assessoria", reclama o deputado Geraldo Magela (PT-DF), que quer a suspensão dos depoimentos até que sejam estudados os documentos fiscais e bancários das empresas.
"Se não for assim, não vai dar tempo de analisar os dados e a CPI não vai dar em nada", disse Magela. A intenção dele é de, após a análise dos números dos laboratórios, colher os depoimentos que se mostrarem necessários. Marchezan, no entanto, acha que o correto é ouvir depoimentos e, ao mesmo tempo, verificar dados fiscais e bancários.
Atualmente, só o relator Ney Lopes (PFL-RN) tem assessoramento técnico de cinco pessoas. Os demais deputados ainda não estudaram as informações dos laboratórios.
Na reunião reservada, os deputados resolveram eleger seis grandes temas para agilizar os trabalhos: 1) preços e superfaturamento; 2) falsificação, roubo de carga e distribuição; 3) genéricos; 4) laboratórios públicos, produção de remédios e controle de qualidade; 5) legislação e vigilância sanitária; 6) industrialização e alternativas para produção de medicamentos.
De agora em diante, os deputados escolherão um ou mais temas e se agruparão nas sub-relatorias para otimizar os trabalhos.
Ontem, dois proprietários de distribuidoras depuseram na CPI. Gilberto Maia Filho, da Santa Cruz, informou que não pagou Imposto de Renda ano passado, apesar de ter faturado R$ 1,1 bilhão. "Tivemos prejuízo, por isso não pagamos", justificou.



Texto Anterior: Saúde: Campinas tem 276 casos de meningite
Próximo Texto: Educação: Universidades públicas se auto-avaliam
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.