São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2000


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EDUCAÇÃO
Particulares reclamam de critério
Universidades públicas se auto-avaliam

ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local

O Conselho Estadual de Educação (CEE) de São Paulo aprovou ontem uma deliberação que permite às universidades, às autarquias e aos institutos de ensino estaduais e municipais a fazer uma auto-avaliação sobre suas condições de oferta (instalações, corpo docente e projeto pedagógico).
Se for homologada pela Secretaria de Estado da Educação, essa medida permitirá que a USP, Unicamp, Unesp e Unitau elaborem metodologias próprias para serem avaliadas.
"As instituições precisam exercitar a autocrítica", diz o presidente do Conselho, Arthur Fonseca Filho.
Segundo ele, a medida é eficiente, por levar em conta as culturas diferentes de cada universidade. "Não podemos medir a qualidade do curso porque ele tem dois ou três laboratórios ou pela metragem das salas", afirma.
Fonseca Filho afirma que as universidades não usarão a medida para ocultar problemas. "Partimos do princípio de que ninguém se aproveitará da auto-avaliação com interesses escusos".
Para um maior controle por parte do conselho, as universidades terão de elaborar uma análise que inclua os seguintes campos: alunos (graduação e pós-graduação); professores (docência e pesquisa); gestão acadêmica, administrativa e financeira; programas de extensão e prestação de serviços; produção científica e cultural.
Além desses critérios, ficou estabelecido que, após a publicação da deliberação no "Diário Oficial" do Estado, as instituições terão um prazo de um ano para levar ao conselho o plano geral de como será a avaliação interna.
Os primeiros resultados no cumprimento das metas estabelecidas deverão ser apresentados depois de três anos ao CEE.
Só a partir do quinto ano a avaliação interna será encaminhada à comissão formada por especialistas nas áreas correspondentes.

Repercussão
Para o reitor da Universidade Brás Cubas, Maurício Chermann, presidente da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), a auto-avaliação poderia ser adotada pelo MEC (Ministério da Educação) na análise das demais instituições.
"Nós também gostaríamos de ser avaliados dessa maneira. Mas nunca propusemos isso ao ministério porque sabemos que jamais seria aceito", diz.
Chermann afirma que as entidades filiadas ao Crub (Conselho dos Reitores das Universidades do Brasil) já realizam uma análise interna de seus cursos. "O resultado disso não é levado em conta pelo MEC, mas nos ajuda a conhecer nossas falhas."
O coordenador do curso de jornalismo da PUC-SP, Enio Lucciola, discorda que a auto-avaliação tenha de ser uma regra para todas as instituições.
A PUC-SP solicitou ao ministério a revisão da avaliação do curso de jornalismo, que recebeu duas notas "insuficientes" e uma "regular" na visita dos especialistas do MEC.
"A análise do MEC é necessária. Ela só precisa ser aprimorada. Se todo mundo puder se avaliar, vai ter curso tirando nota 11", diz.



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