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SAÚDE
Déficit de atenção também atinge adultos
ALCINO BARBOSA JR.
especial para a Folha
Desligado, desorganizado, irrequieto, estabanado e inconsequente. Quem não conhece alguém assim? Essas características,
porém, muitas vezes motivo de risos ou críticas, podem ser sintomas de um transtorno -o distúrbio de déficit de atenção.
Até pouco tempo, a medicina
acreditava que esse distúrbio era
um problema exclusivo da infância. Hoje, porém, sabe-se que metade das crianças com DDA, como o mal é conhecido, vão manter os sintomas na vida adulta.
Os sinais da doença são dificuldade muito grande de concentração, acompanhada ou não de hiperatividade (não conseguir parar de se movimentar) e/ou impulsividade (agir sem pensar).
Eles não devem ser confundidos
com ansiedade, depressão, hipertireoidismo (aumento dos hormônios da tireóide) ou estresse
(veja quadro ao lado).
O distúrbio obrigatoriamente
começa na infância, e os sintomas
devem persistir por mais do que
seis meses para que um diagnóstico seguro possa ser concluído.
Segundo Mauro Muszkat, professor de neuropediatria da Unifesp, o transtorno de déficit de
atenção "tem uma base genética,
mas a forma de transmissão ainda
não foi determinada".
A causa do distúrbio é um desequilíbrio das substâncias (neurotransmissores) que fazem a comunicação no cérebro.
A vida profissional, afetiva e familiar dos portadores do DDA
pode ser muito afetada. Quando a
pessoa não consegue mais se
adaptar ao convívio social, é hora
de procurar ajuda médica.
No Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas de SP foi
criado um grupo de pesquisa e
tratamento do DDA em adultos, o
Prodath (Projeto Déficit de Atenção e Hiperatividade no Adulto).
"Muitas pessoas ainda acham
que a distração exagerada e a inquietação são apenas características da pessoa, o seu "jeitão". Por isso, poucos procuram tratamento
na vida adulta", diz Mário Louzã
Neto, coordenador do Prodath.
Tratamento
O agendamento de consultas no
Prodath é feito por telefone. Médicos fazem uma triagem dos pacientes às segundas, das 8h às 10h.
O acompanhamento médico de
pacientes com DDA inclui medicações e psicoterapia (tratamento
psicológico).
Os remédios agem estimulando
as regiões do cérebro responsáveis pela atenção, que costumam
estar com baixa atividade no
DDA. Os efeitos colaterais são insônia e perda de peso.
No Brasil, as medicações mais
utilizadas são a Ritalina (metilfenidato, um tipo de anfetamina) e
os antidepressivos.
No segundo semestre deste ano,
um coquetel de duas anfetaminas
-o Adderall- deve ser lançado
no mercado brasileiro, após bons
resultados clínicos nos EUA.
"Entre 70% e 80% dos pacientes
se beneficiam com o uso desses
remédios, que chamamos de psicoestimulantes", diz Paulo Mattos, professor de psiquiatria da
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro).
Mattos coordena o Geda (Grupo de Estudos do Déficit de Atenção), que está testando duas novas medicações para tratar o
DDA. A partir do segundo semestre, o grupo também atenderá
adultos com o problema. O agendamento de consultas é feito por
telefone.
Mas nem todos os sintomas do
distúrbio conseguem ser combatidos com os tratamentos atuais.
"Essas medicações melhoram a
capacidade de concentração do
paciente, mas não agem sobre o
desempenho no planejamento
das ações", afirma Mauro Muszkat, da Unifesp.
Apoio
A ABDA (Associação Brasileira
do Déficit de Atenção) é uma entidade sem fins lucrativos, que surgiu no Rio de Janeiro com o objetivo de divulgar informações sobre o distúrbio no país.
Fazem parte da entidade portadores do DDA, parentes, amigos,
médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e pedagogos.
Segundo o psiquiatra da UFRJ
Paulo Mattos, vice-presidente da
associação, a ABDA promove
eventos específicos para a comunidade médica e palestras mensais abertas ao público.
Telefones: Prodath 0/xx/11/3069-6971 ou
3063-2163 (segundas, das 8h às 10h), Geda
0/xx/21/295-3449, ramal 246 (segunda a sexta, das 8h às 16h); Na Internet: Associação
Brasileira do Déficit de Atenção
(www.dda.med.br), Diabinhos (http://neurociencias.nu/pesquisa/add.htm), Hiperatividade (http://talk.to/hiperatividade)
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