São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Curso tenta deixar "zen" funcionários e detentas de presídio

Primeira aula, na Penitenciária Feminina da Capital, em SP, ocorreu ontem; para as presas, o início será em julho

O objetivo do treinamento é trazer mais "serenidade e qualidade de vida ao cotidiano da penitenciária", diz ONG que dá o curso

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionários e detentas da PFC (Penitenciária Feminina da Capital), em São Paulo, iniciaram ontem um curso "zen", onde estão aprendendo técnicas de meditação e respiração. O treinamento é opcional e não terá custos para o governo.
O curso é fruto de uma parceria entre a Funap (fundação de amparo ao preso), a penitenciária e a ONG Arte de Viver, braço de uma fundação internacional presente em 150 países e que realiza eventos semelhantes na América do Sul. A organização é consultora no Conselho Social e Econômico da ONU (Organização das Nações Unidas).
Segundo Cristina Armelin, coordenadora da ONG Arte de Viver em São Paulo, o objetivo do treinamento é trazer mais serenidade e qualidade de vida ao cotidiano da penitenciária, reduzindo o estresse e a violência. "Ao respirar corretamente, as pessoas melhoram a oxigenação do cérebro e evitam uma série de transtornos, como ansiedade, estresse e falta de energia, conseguindo mais vitalidade, saúde e bem-estar."
Participam da primeira turma 30 funcionários da penitenciária, entre pessoal da área administrativa, plantonistas e guardas. O treinamento da primeira turma vai até o próximo dia 30, com 14 horas de duração. As aulas são de segunda à sexta-feira, das 11h às 13h.
A partir de 5 de maio, o curso será estendido ao restante dos funcionários e, em julho, às 700 detentas da penitenciária. Cristina Armelin afirma que a proposta de começar o curso com os funcionários foi proposital.
"É preciso que eles entendam os benefícios do treinamento e estejam preparados para cooperar com o trabalho que será feito com as detentas em seguida. E também para se sentirem acolhidos. Muitos reclamam que só as presas têm acesso a cursos", afirma. Segundo ela, na Argentina, no Peru e Equador, onde o curso já foi ministrado, houve queda da violência nos presídios.
"As presas relatam que começaram a dormir sem remédios e que se sentiram mais calmas e tranqüilas", afirma.
"Tô zen. Hoje não vou brigar com ninguém", brincou a funcionária Rosana Pontes, da diretoria de reabilitação da penitenciária, ontem, após a primeira aula. Segundo ela, o curso será uma ótima alternativa de aliviar as tensões no ambiente carcerário.
Além das técnicas respiratórias, o curso vai ensinar também filosofias de vida -como viver o presente, meditar e aprender a relacionar-se melhor com as demais pessoas. A Fundação Arte de Viver foi criada em 1982 pelo líder espiritual indiano Sri Sri Ravi Shankar. No Brasil, a ONG existe há sete anos, com sedes em São Paulo, Rio e Salvador.


Texto Anterior: Promotor decide arquivar ação contra gestão Marta
Próximo Texto: Mortes nas estradas aumentam no feriado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.