São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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Peralta receberia um quarto do valor do resgate

DA REPORTAGEM LOCAL

O preso Ednard Fulvio Barbosa Peralta, 22, receberia um quarto do valor do resgate -cerca de R$ 6.000- como pagamento por ter orientado o trabalho da quadrilha, por telefone celular, de dentro da Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru.
Segundo o delegado Eduardo Camargo Lima, da 2ª Delegacia da DAS (Divisão Anti-Sequestro), ainda não se sabe se Peralta foi o mentor do sequestro e se participou da escolha da vítima.
"Por enquanto, o que se avalia é que ele coordenou o serviço operacional da quadrilha", afirmou o delegado da DAS.
A polícia acredita nisso porque as três pessoas presas ontem não tinham antecedentes criminais, nem demonstravam ter experiência nesse tipo de crime.
Diferentemente dos três presos anteontem, Peralta tem experiência na área. Ele fazia parte da quadrilha liderada por André de Souza Moutinho, 21, conhecido como André Loucura, morto em um tiroteio com a polícia no começo de abril deste ano.
A quadrilha, que tinha base em Capão Redondo (zona sul de São Paulo), é suspeita de cerca de 20 sequestros. O grupo fazia tortura psicológica com as vítimas e chegava a mostrar várias armas para que o refém escolhesse com qual gostaria de ser morto.
Segundo policiais da DAS, essa mesma quadrilha chegou a receber dois resgates pela mesma vítima. Recebeu a primeira vez e se negou a entregar, como poderia ter acontecido com o corretor de imóveis Rubens da Silva Nunes.
A família dele pagou o resgate na noite de anteontem, mas o corretor só foi liberado depois que a namorada de Peralta, Rejane de Oliveira, 19, foi presa e telefonou para ele pedindo que o refém fosse liberado.
Peralta foi preso pela DAS em novembro do ano passado, acusado do sequestro de uma estudante universitária. O preso também foi indiciado por mais um sequestro e é suspeito de envolvimento em outros casos.
Peralta está na Penitenciária do Estado desde o dia 29 de abril, onde aguarda julgamento. Lima disse que a investigação já apontava para a participação do preso no sequestro, o que foi confirmado por Rejane.
Ela ficou encarregada de pegar a parte do dinheiro destinado a Peralta. Segundo o delegado, seriam pagos pequenos custos com o cativeiro e o valor do resgate seria dividido em quatro partes, uma delas para o preso.
A DAS pretende ouvir Peralta para saber qual foi sua participação no sequestro do corretor. A polícia espera que o rastreamento das ligações telefônicas possa ajudar no esclarecimento do envolvimento de Peralta, como foi o processo de negociação e o tempo que o sequestro vinha sendo planejado, por exemplo.



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