São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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VIOLÊNCIA NO RIO

Para a governadora, R$ 11,9 mi "ainda é pouco'; convênio para a liberação dos recursos será assinado hoje

Insatisfeita, Benedita pede mais verba a FHC

FERNANDA DA ESCÓSSIA
SABRINA PETRY

DA SUCURSAL DO RIO

A governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), não ficou satisfeita com a liberação de R$ 11,9 milhões do governo federal para ajudar na segurança do Estado e requererá audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso para pedir mais dinheiro.
"Eu vou tentar buscar um pouco mais. O que estamos precisando vai muito além. Precisamos de muito dinheiro para o Estado, principalmente para segurança. O que ganhamos ainda é pouco. Vou pedir ao ministro [Miguel Reale Júnior, da Justiça" e ao presidente", afirmou ontem a governadora.
De acordo com Benedita, só a construção de casas de custódia (abrigos para presos) deverá custar cerca de R$ 150 milhões.
O Estado do Rio tem direito, até o fim deste ano, somente a mais R$ 10,1 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Do total de recursos já previstos, R$ 5,5 milhões serão destinados à implantação do projeto de polícia comunitária, R$ 5,5 milhões serão usados para intensificar o policiamento nas áreas consideradas críticas e R$ 900 mil para o treinamento dos policiais.
A governadora estima que, mesmo para essas ações, o ideal seria em torno de R$ 26 milhões.
Benedita e o ministro Reale Jr. assinam hoje no Rio o convênio para a liberação dos recursos e discutem ações integradas entre o governo e órgãos federais. Anteontem, o governo estadual pediu ajuda federal para combater a violência no Estado.
O governo estadual tem se recusado a usar a palavra força-tarefa desde que, na semana passada, a proposta inicial do Ministério da Justiça nesse sentido foi considerada tentativa de intervenção.
Nos ofícios em que pede o apoio da União, enviados anteontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso e aos ministros da Defesa, Geraldo Quintão, e da Justiça, a governadora fala em "grave crise na área de segurança pública", "escalada do crime e da violência" e em "sérias dificuldades financeiras" do Estado.
Nos ofícios, a governadora pede a participação das Forças Armadas em "esforços no combate ao crime e à violência" no Estado do Rio de Janeiro.
Benedita quer a presença da Marinha na costa fluminense, com o objetivo de identificar e vistoriar todos os navios comerciais e embarcações que sejam consideradas suspeitas.
Solicitou também que o setor de inteligência do Exército, em parceria com a Polícia Civil, participe do rastreamento de armas ilegais e que a Aeronáutica patrulhe o espaço aéreo do Estado, faça o mapeamento de aeroportos e pistas clandestinos e destrua, com explosivos, essas áreas.
Sobre a possibilidade de o Exército participar do policiamento do Estado, a governadora respondeu: "Estamos precisando de informações e reconhecemos que eles têm informações que são importantes para o aprimoramento da nossa técnica. E é isso que nós estamos buscando".
Ela voltou a afirmar que as Forças Armadas têm funções determinadas constitucionalmente e que as polícias Civil e Militar continuarão fazendo o serviço de segurança.
No ofício para o ministro Reale Jr., o assunto principal é dinheiro: a governadora pede a liberação de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública a serem usados no pagamento das horas extras que os policiais prestarão, entre outros projetos.
Ao presidente Fernando Henrique Cardoso, a governadora pede a criação de um "grupo de trabalho formalmente institucionalizado" para atuar contra a lavagem de dinheiro.
O Ministério da Defesa informou que as Forças Armadas poderão ajudar o Rio de Janeiro, mas que ainda faltava um contato do governo estadual.
Ainda de acordo com o ministério, o ministro Geraldo Quintão disse que, por enquanto, não seria possível listar o que as Forças Armadas poderão fazer pelo Estado.



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