São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Após novo ato de servidores na Paulista, Helena Kerr disse que analisará se há possibilidade "de mais alguma coisa"

Prefeitura sinaliza nova proposta a servidor

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após dois protestos de servidores e ameaças de greve, a secretária Helena Kerr do Amaral (Gestão Pública) sinalizou ontem que a administração poderá oferecer à categoria reajuste maior do que o já proposto nas negociações com sindicatos do funcionalismo.
Anteontem, na última rodada de negociação, a prefeitura propôs reajuste de 2% aos 168 mil servidores, que reivindicam 62,62% de reposição salarial.
Eles, no entanto, aceitam negociar agora a reposição de 8,16% de perdas com a inflação registrada na gestão Marta Suplicy (PT).
"Na segunda-feira que vem, como em qualquer negociação que está aberta, vamos ouvir as posições deles [dos servidores" e analisar se há alguma possibilidade de mais alguma coisa [reajuste". Por enquanto, estamos trabalhando no limite. E a gente pode assinar um protocolo de recuperação gradual [de perdas com inflação na gestão Marta"", disse a secretária à Folha.
Essa possibilidade de repor a perda de inflação da gestão Marta não foi mencionada pela prefeitura antes. "Eles ofereceram só os 2%. Antes, a proposta era zero de reajuste", disse a presidente da Federação das Associações Sindicais e Profissionais dos Servidores da Prefeitura de São Paulo, Berenice Gazoni.
Apesar da sinalização de reajuste maior, nada garante que a negociação entre prefeitura e servidores sairá do impasse.
A questão envolve, por exemplo, divergência entre os dois lados sobre o aumento já dado pela atual gestão aos servidores.
A prefeitura considera que, se aceitarem o reajuste de 2%, apenas 36 mil dos 168 mil servidores terão perdas em relação à inflação registrada desde janeiro de 2001.
Para a administração, esses 36 mil servidores acumulariam um aumento de 6,06% na atual gestão, o que significaria perda de 1,94% em relação à inflação de 8,16%. O problema é que, para os servidores, esses 6,06% incluem aumento de 3,26% pago em janeiro de 2001. A categoria alega, porém, que o índice se refere a aumento que deveria, por lei, ter sido pago na gestão Celso Pitta.
Para os servidores da educação e os que ganham o piso, a prefeitura alega que os índices concedidos na atual gestão, somados aos 2% oferecidos anteontem, significam aumento acima da inflação.

Protesto
Ontem, em protesto na avenida Paulista, os servidores recusaram oficialmente a proposta de 2% de reajuste e decidiram reivindicar o envolvimento direto da prefeita nas negociações dos servidores. Participaram do ato cerca de 700 pessoas, de acordo com a PM, e 4.000, segundo os organizadores.
Para o funcionalismo, se a prefeita participa das negociações de motoristas e cobradores, como ocorreu anteontem, a categoria também merece esse tipo de tratamento. Ontem, a prefeita disse que não pretende atender a reivindicações dos servidores.
No protesto, que provocou o fechamento da avenida -na pista sentido Paraíso- por cerca de uma hora e meia e lentidão no trânsito da região, os servidores resolveram adiar votação sobre uma eventual paralisação hoje e amanhã.
Eles acertaram apenas que farão um novo protesto na próxima segunda-feira, dessa vez em frente ao Palácio das Indústrias, sede da Prefeitura de São Paulo.
O ato foi marcado para começar no mesmo horário da próxima rodada de negociação, às 14h.

Ponto
Helena Kerr confirmou ontem que a administração substituiu o registro de ponto dos servidores. Agora, a frequência dos funcionários será feita por assinatura em formulário da prefeitura.
Segundo a secretária, o atual sistema, implantado em 1996, é obsoleto e não permite um controle eficaz das faltas dos servidores.



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