São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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SP isola 1.600 detentos em espaço para 160

MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os cerca de 1.600 presos que estão no anexo do presídio de Araraquara (SP), considerado modelo, estão isolados desde o último final de semana, após a direção ter soldado as portas de acesso ao pavilhão onde ficam as celas. Os detentos estão aglomerados em um espaço criado para abrigar 160 pessoas.
O pavilhão foi o único dos quatro que sobrou após rebelião liderada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), que destruiu quase totalmente a unidade. Com as portas soldadas, ninguém entra nem sai.
Aglomerados no pavilhão, os presos recebem comida por uma espécie de compartimento no teto, que é aberto apenas para a passagem dos alimentos na hora de almoço, segundo o diretor do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado, João Batista Pancioni.
"Se pegar fogo lá, todo mundo morre queimado porque está tudo lacrado, mas essa foi a forma que o Estado encontrou para manter os presos dentro da unidade. O governo também não sabe o que fazer com o sistema prisional", disse.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que visitou anteontem o local, diz que os presos estão ao relento e sem roupas. A assistência à saúde é feita pelo médico Hosmany Ramos, detento do local.
Na rebelião durante a crise no Estado gerada pelos ataques do PCC, concentrados entre 12 e 20 de maio, o anexo foi amplamente destruído. Por isso, a Secretaria da Administração Penitenciária decidiu transferir os 600 detentos para a penitenciária, que fica ao lado e que também ficou superlotada.
O objetivo da transferência era permitir a reforma do anexo, mas as obras não foram iniciadas e, no último fim de semana, a penitenciária também foi completamente destruída em outra rebelião.


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