Decolagens do aeroporto de Cumbica foram canceladas entre as 16h30 e as 18h30

Segundo dados da Infraero, até as 21h30, 35% dos 1.784 vôos programados para ontem no país estavam com atraso superior a uma hora

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As decolagens em Cumbica (SP) para Brasília, Nordeste, Estados Unidos e Europa foram suspensas entre as 16h30 e as 18h30 por determinação da Aeronáutica, que ontem decretou uma intervenção no sistema de controle do espaço aéreo. As partidas de Cumbica voltaram a acontecer com restrições, de 15 em 15 minutos, a partir das 18h30. Os motivos da suspensão não foram explicados pela Infraero.
No início da noite, 35% dos 1.784 vôos previstos para ontem tinham atraso superior a uma hora, segundo dados da Infraero até as 21h30. Ou seja, 625 vôos estavam com atraso. Outros 142 foram cancelados.
Os problemas no Cindacta-1 também provocaram a suspensão das decolagens em Brasília das 18h15 às 18h45.
Leonardo Martins, 28, administrador de rede, foi ao aeroporto com uma camiseta branca escrita em vermelho: "Relaxa e goza". Estava indignado com a frase dita pela ministra Marta Suplicy (Turismo). "Fiquei muito ofendido como brasileiro e turista. Foi a única forma que encontrei de protestar", disse ele, que iria para Natal ontem, mas teve o vôo cancelado e perdeu um dia de suas férias.
O empresário Isaac Gentili, que tenta desde quarta-feira ir de SP para Salvador, sem sucesso em razão de atrasos e cancelamentos, começou a chorar. "Meu filho disse que não tem mais pai." Nesses dias fez o que chama de "amizade de fila". "Estou dividindo um quarto de hotel com um colega que conheci na espera pelo vôo."
Mesmo com a suspensão dos vôos para a Europa, o engenheiro Tommaso Leonetti estava na fila do embarque internacional de Cumbica com a mulher e dois filhos pequenos. Eles iriam à Itália. "Mandaram ir para a fila e ver o que acontece. O problema são as crianças, que não têm paciência."
"Quase um milagre." Foi dessa forma que um comandante da TAM definiu ontem à tarde a autorização que havia obtido para decolar de Congonhas, em São Paulo, rumo a Ribeirão Preto (314 km de SP).
O comandante Ricardo relatou que o vôo tinha sido o único de uma fila de quatro aeronaves na rota de Brasília que conseguiu autorização.
A TAM suspendeu todo o check-in dos vôos para as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (exceto São Paulo e Rio de Janeiro) a partir das 17h de ontem. A empresa orientava os passageiros a remarcar as passagens para hoje.
Filas e sala de embarque lotada também marcaram o quarto dia de confusão no aeroporto Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio. A cada aviso de atraso que saía dos alto-falantes, os passageiros vaiavam. Uma senhora de 78 anos que foi ao Rio tratar-se de um derrame cerebral passou mal e teve que ser atendida num ambulatório.
A crise aérea preocupa a organização do Pan. Para o secretário de Turismo do Rio, Eduardo Paes, isso pode prejudicar os turistas. Ele espera que "os controladores tenham responsabilidade". A competição começa em 13 de julho. (AFRA BA LAZINA, CLÁUDIA COLLUCCI, VINICIUS ABBATE e EVANDRO SPINELLI)


































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