São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Viagem de Aracaju para o Rio demora 21 horas e 45 minutos em dia de caos aéreo

Tempo é maior do que se leva para ir, de avião, de São Paulo a Nova Déli, na Índia, com escala em Paris

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A ARACAJU (SE)

O caos aéreo provocou a inusitada situação de uma viagem entre Aracaju e Rio durar 45 minutos a mais do que o trajeto de avião entre São Paulo e Nova Déli, capital da Índia.
Da capital sergipana, desde a saída do hotel, à casa em que mora na região metropolitana do Rio o repórter da Folha gastou 21 horas e 45 minutos, entre a tarde de quinta-feira e as 12h de ontem. De São Paulo a Nova Déli, pela Air France, com escala em Paris, a viagem dura 21 horas.
A viagem parecia complicada desde que o vôo foi marcado. Inicialmente, o repórter embarcaria no vôo 3511 da TAM, com saída às 16h45 de Aracaju para Guarulhos. No aeroporto paulista, a espera seria de duas horas e dez minutos até o embarque para o aeroporto internacional do Rio, no vôo 8095, com chegada às 22h35.
Em tempos de caos aéreo, o roteiro perigava não dar certo. E não deu. No balcão da companhia aérea em Aracaju, sorridente e prestativa, a atendente avisou logo no check-in que não havia previsão de chegada do avião que iria até o aeroporto de Guarulhos.
Por causa do atraso, ela colocaria o passageiro no vôo 3567, com saída às 16h10, para Brasília, com escala em Salvador. Na capital federal, o repórter embarcaria para o Rio no 3745, que sairia às 20h15. Feitas as contas, se tudo corresse bem, ele conseguiria chegar em casa entre 22h30 e 23h.
A esperança durou muito pouco. A atendente logo avisou que o tal avião das 16h10 tinha o pouso em Aracaju estimado para as 17h20. Se o avião saísse às 18h, a chegada em Brasília ocorreria após a conexão. A observação mereceu o seguinte comentário da funcionária: "Fica, tranqüilo. Em Brasília está tudo atrasado também".
O avião só chegou às 18h. Decolou meia-hora depois. À bordo, o tema das conversas era o tumulto em aeroportos e céus. Cada um relatava seu drama. Como previra a funcionária sergipana, em Brasília estava tudo atrasado. Mas como o avião só chegou lá às 21h30, o vôo para o Rio, mesmo com caos aéreo, tinha decolado. Não havia mais como ir para o Rio pela TAM naquela noite. Um funcionário providenciou hotel para o repórter.

Outros passageiros
Enquanto aguardava que a mala fosse trazida, começaram a chegar ao balcão da companhia outras vítimas de atrasos. Passageiros que perderam conexões para Teresina, Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte. Foram todos hospedados pela TAM. Tiveram, a contragosto, que dormir em Brasília
O vôo de volta para casa foi marcado para as 8h30 de ontem. Até que atrasou pouco: 45 minutos. Havia muita gente que não conseguira viajar na véspera.
A tensão da espera deve ter sido a causa da espécie de estouro da boiada ocorrido quando foi aberto o portão para o embarque. O aviso de prioridade para idosos, gestantes e crianças foi desrespeitado por dezenas de engravatados que se empurravam para entrar primeiro. Lá atrás, uma mulher gritou: "Tem criança aqui". A resposta ríspida de um passageiro é impublicável.


Texto Anterior: FAB chegou a suspender vôos internacionais em SP
Próximo Texto: Militar é preso ao vender armas a um policial disfarçado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.