São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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IML errou data de necropsia

DA REPORTAGEM LOCAL

Laudo necroscópico do IML (Instituto Médico Legal) com data errada, de sete dias antes da morte da vítima. A falha, descrita pelo IML como um "problema de digitação", é mais um dos erros no processo de investigação sobre o sequestro e a morte do prefeito Celso Daniel (PT) que motivaram críticas de familiares do prefeito e a reabertura do caso.
"Foi um erro grosseiro. Acho que compromete a credibilidade da investigação", disse o oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do prefeito.
No laudo do IML, aparece duas vezes, por extenso, o dia 13 de janeiro de 2002 como data da realização da necropsia. Só que o corpo de Daniel foi encontrado no dia 20 de janeiro.
O documento, expedido em fevereiro, passou pela Secretaria da Segurança Pública, pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e por promotores sem que a falha fosse percebida. O inquérito policial tramitou em segredo de Justiça.
O diretor do IML de São Paulo, José Jarjura Jorge Júnior, admitiu a falha ontem, mas disse que ocorreu apenas um "erro de digitação". "Isso não compromete em nada a validade do laudo", disse Jorge Júnior.
Segundo ele, o IML vai entrar em contato com o Fórum de Itapecerica da Serra (Grande SP), onde tramita o processo sobre a morte do prefeito, para tentar resolver o problema. "Deve ser apenas comunicada o erro de data, acho que não será necessário encaminhar o laudo novamente."

Tiros
O laudo da necropsia também traz uma novidade sobre o número de tiros. Daniel foi atingido por oito disparos, e não sete, como havia sido divulgado pela polícia.
Segundo Jorge Júnior, houve uma dúvida inicial sobre o número de tiros porque havia ferimentos no ombro provocados pelos dentes, que foram arrancados com os disparos. "No final, concluiu-se por oito tiros", disse.
Policiais que participaram das investigações continuaram afirmando ontem que o prefeito foi morto com sete tiros. "Eu não sei mais no que acreditar", disse João Francisco.
A família de Daniel informou que recebeu os anexos da necropsia -documentos que complementam o laudo principal- incompletos. "Não há fotos, gráficos, o material está incompleto. Se não tivermos os dados, pediremos a exumação do corpo."


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