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TRANSPORTE
Retenção de lotações autorizadas em SP cresce em 2002 e atinge pico em junho, quando escolta armada passou a atuar
Fiscalização contra perueiros bate recorde
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A fiscalização contra os perueiros autorizados a rodar em São
Paulo bateu recorde em junho
passado, época em que as equipes
da prefeitura passaram a ter apoio
de uma escolta privada armada
paga por empresários de ônibus
-prática considera ilegal por advogados ouvidos pela Folha.
As blitze da SPTrans (São Paulo
Transporte) barraram nesse mês
1.016 lotações regulamentadas
-em 2001 inteiro, foram 1.210.
Esses perueiros estão entre os
6.000 autorizados na capital paulista. Eles são levados aos pátios
da SPTrans por irregularidades
como más condições dos veículos
e excesso de passageiros.
A explosão das retenções, cujo
pico foi atingido em junho, era
uma tendência desde março, mas
foi reforçada com a presença da
escolta. Ela atende à proposta de
Marta Suplicy de adotar mais rigor contra as irregularidades no
transporte e a uma das reivindicações das viações de ônibus.
De janeiro a julho, 4.287 perueiros foram retidos -quantidade
equivalente a 70% dos que são regulamentados. Esses autônomos
se tornaram os principais alvos da
fiscalização no momento em que
a SPTrans já não encontra nas
ruas um número significativo de
clandestinos -que já foram 15
mil e hoje não passam de 3.000.
Nos primeiros sete meses de
2002, a média de veículos apreendidos nessas condições foi de 11,2
por dia, queda de 33% em relação
ao mesmo período de 2001. As retenções de perueiros autorizados,
em contrapartida, dispararam
-de 3,3 para 20,4 por dia.
A diretora operacional da
SPTrans, Maria Olívia Aroucha,
avaliou anteontem como "muito
bons" os resultados da fiscalização após a presença de nove equipes da escolta armada Plenum,
cujos 27 funcionários foram contratados há mais de dois meses
por empresários dos consórcios
Norte e Bandeirante -os mesmos que, no final de julho, romperam a ação de boicote do setor à
nova contratação emergencial.
A SPTrans decidiu oficializá-la e
lançará uma licitação para contratar quatro equipes de escolta.
Três advogados consultados pela Folha apontam ilegalidades na
atuação da Plenum. O primeiro
problema, citado por Iberê Bandeira de Mello, é a informalidade
da ação. "A prefeitura não pode
receber esse apoio sem um convênio, citando funções e regras."
O advogado Maurício Portugal
Ribeiro diz que a participação da
escolta serve a interesses privados, e não públicos. As equipes
atuam em Santana e na Lapa, regiões dos empresários que bancam a iniciativa. "Colocar nesse
processo, como protetores da fiscalização, milícia privada, contratada por entes diretamente interessados e cujo compromisso
fundamental não é nem indiretamente com os interesses públicos,
parece-me um completo despropósito", diz Ribeiro, para quem a
segurança caberia à PM, mas podendo ainda ser feita pela GCM.
"Viola os princípios básicos da
administração pública, é uma interferência indevida. Há um comprometimento da isenção dessa
fiscalização", afirma Benedito
Porto Neto. Ele diz que os responsáveis podem ser processados por
improbidade administrativa caso
seja caracterizada a má fé. A
SPTrans não quis se manifestar.
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