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Diretora da Anac evitou oficiais para tentar redistribuir linhas
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além da suspeita de fraude
processual para impedir restrições no aeroporto de Congonhas no começo do ano, Denise
Abreu, diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
chegou a fugir de oficiais de
Justiça no ano passado para
tentar redistribuir as linhas internacionais da Varig -a maior
interessada era a TAM.
Na reunião, que aconteceu
no Rio de Janeiro no dia 24 de
agosto de 2006, Denise Abreu
afirmou que não iria cumprir
decisão do juiz Luís Roberto
Ayoub -encarregado da recuperação judicial da Varig-, que
impedia a redistribuição das linhas internacionais da Varig
para outras empresas aéreas.
Ela alegou que não havia sido
intimida.
Porém, ela e Josef Barat, o
outro diretor presente à reunião, se retiraram às pressas
momentos antes da chegada
dos oficiais de Justiça.
Isso ocorreu depois de uma
forte discussão com o representante da Varig, Christiano
Martins. "As notificações não
são verbais, muito menos pela
mídia", argumentou Denise.
"Ainda que o senhor detenha
essa intimação na mão, o senhor sabe que ela só passa a ter
valor depois da expedição de
uma carta precatória. Nesse
sentido, nós vamos dar continuidade às nossas atuações e
vamos realizar o plenário", disse Denise, encerrando o assunto. Martins se retirou da sala.
Logo depois, com a desculpa
de que teriam de atender a
compromissos urgentes, Denise e Barat também foram embora. Os oficiais chegaram e foram informados de que nenhum diretor estava presente e
que a intimação não poderia ser
recebida.
Nenhuma das cerca de 40
pessoas presentes soube informar onde Denise poderia ser
encontrada. Os acontecimentos estão registrados na ata da
reunião.
Debates
A intimação foi lida e, mesmo
assim, seguiram-se os debates
das licitações da linhas para o
França, Itália, Estados Unidos
e México, entre outras.
A companhia aérea TAM estava especialmente interessada
nas rotas para Paris e Milão. O
diretor da empresa registrou
interesse em começar as operações antes do final do ano, para
pegar a alta estação, e que dependiam ainda de a Airbus entregar novas aeronaves com
maior capacidade.
Questionado sobre o assunto
na CPI do Apagão Aéreo ontem, no Senado, Barat desconversou. Disse que não poderia
receber intimações porque não
é o diretor-presidente da Anac,
o que não procede.
Barat prestava consultoria
privada para a TAM antes de
ingressar na agência e, já como
diretor, participou de evento na
bolsa de Nova York com despesas pagas pela TAM.
Ontem, disse que pretende
voltar para sua consultoria ao
final de seu mandato. "Espero
que acabe logo", afirmou.
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