São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Diretora da Anac evitou oficiais para tentar redistribuir linhas

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além da suspeita de fraude processual para impedir restrições no aeroporto de Congonhas no começo do ano, Denise Abreu, diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), chegou a fugir de oficiais de Justiça no ano passado para tentar redistribuir as linhas internacionais da Varig -a maior interessada era a TAM.
Na reunião, que aconteceu no Rio de Janeiro no dia 24 de agosto de 2006, Denise Abreu afirmou que não iria cumprir decisão do juiz Luís Roberto Ayoub -encarregado da recuperação judicial da Varig-, que impedia a redistribuição das linhas internacionais da Varig para outras empresas aéreas. Ela alegou que não havia sido intimida.
Porém, ela e Josef Barat, o outro diretor presente à reunião, se retiraram às pressas momentos antes da chegada dos oficiais de Justiça.
Isso ocorreu depois de uma forte discussão com o representante da Varig, Christiano Martins. "As notificações não são verbais, muito menos pela mídia", argumentou Denise.
"Ainda que o senhor detenha essa intimação na mão, o senhor sabe que ela só passa a ter valor depois da expedição de uma carta precatória. Nesse sentido, nós vamos dar continuidade às nossas atuações e vamos realizar o plenário", disse Denise, encerrando o assunto. Martins se retirou da sala.
Logo depois, com a desculpa de que teriam de atender a compromissos urgentes, Denise e Barat também foram embora. Os oficiais chegaram e foram informados de que nenhum diretor estava presente e que a intimação não poderia ser recebida.
Nenhuma das cerca de 40 pessoas presentes soube informar onde Denise poderia ser encontrada. Os acontecimentos estão registrados na ata da reunião.

Debates
A intimação foi lida e, mesmo assim, seguiram-se os debates das licitações da linhas para o França, Itália, Estados Unidos e México, entre outras.
A companhia aérea TAM estava especialmente interessada nas rotas para Paris e Milão. O diretor da empresa registrou interesse em começar as operações antes do final do ano, para pegar a alta estação, e que dependiam ainda de a Airbus entregar novas aeronaves com maior capacidade.
Questionado sobre o assunto na CPI do Apagão Aéreo ontem, no Senado, Barat desconversou. Disse que não poderia receber intimações porque não é o diretor-presidente da Anac, o que não procede.
Barat prestava consultoria privada para a TAM antes de ingressar na agência e, já como diretor, participou de evento na bolsa de Nova York com despesas pagas pela TAM.
Ontem, disse que pretende voltar para sua consultoria ao final de seu mandato. "Espero que acabe logo", afirmou.


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