São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2000

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Fusão pode ser solução para crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das soluções encontradas por algumas escolas para fugir da crise foi a fusão. A última a ser anunciada no setor foi a das escolas Oswald de Andrade e Caravelas, em Pinheiros, em São Paulo.
As escolas Novo Esquema e Novo Ângulo, em Moema, já haviam tomado o mesmo caminho.
Segundo o consultor Eugênio Machado Cordaro, da CNA Consultoria, essa tendência é inevitável. "As escolas demoraram demais para perceber que esse era o caminho", diz Cordaro, que já intermediou três fusões de escolas e está negociando outras seis.
Segundo ele, há uma resistência natural das escolas de aceitarem a junção com outras. "Os donos acham que a escola deles é totalmente diferente. Há limites para as fusões, mas, quando os ideais são os mesmos e a clientela, parecida, ela é possível", diz Cordaro.
José Augusto de Mattos Lourenço, presidente do Sieesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), discorda de Cordaro: "As fusões são casos isolados. Eu não diria que representam uma tendência."
Ele minimiza também o efeito da crise. "A principal queda no número de alunos aconteceu por causa da mudança no ensino profissionalizante", diz.
Segundo ele, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aprovada em 1996, deixou menos atrativa a oferta de cursos profissionalizantes. Pela lei, esse curso, que antes poderia ser oferecido em conjunto com o ensino médio regular, passou a ser oferecido separadamente, o que diminuiu a procura.
"O aluno prefere fazer um curso de ensino médio regular e, depois, ir para uma universidade", diz Lourenço.

Estudo
Além de enfrentarem uma queda no número de matrículas no ensino médio, as escolas particulares antecipam um outro problema a curto prazo: como a taxa de natalidade em São Paulo vem caindo nesta década, o número de possíveis alunos no ensino fundamental é menor.
Segundo estudo da CNA feito com base na última contagem populacional do IBGE, em apenas 16 dos 96 distritos da capital de São Paulo há um número de alunos com potencial crescente.
Há distritos, como Butantã e Alto de Pinheiros, onde a população de 0 a 19 anos diminuiu mais de 50% de 1990 para 1996. "Com as estatísticas de natalidade de alguns distritos é possível projetar um quadro para os próximos anos. Isso ajuda algumas escolas a entender porque está havendo uma perda no número de alunos", afirma João Paulo dos Santos Nogueira, diretor da CNA Consultoria e autor do estudo.
"Às vezes, o problema não está na escola, mas no envelhecimento da população do distrito. Para minimizar o problema, a fusão de escolas pode ser uma solução para que duas instituições se complementem sem perder seu foco", afirma Nogueira.


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